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Eduardo Cunha é um bagre ensaboado

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Não resta dúvida de que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, mais se parece com um bagre ensaboado do que com  um líder político, de tão astuto, sagaz e engenhoso que  é.

Não é de hoje que o ex-assessor parlamentar do então deputado Francisco Silva, do Rio de Janeiro, conhece os bastidores, buracos e esgotos da Câmara. Chico Silva (hoje muito doente) era um político inteligente que sabia circular entre as cabeças coroadas e o baixo clero do Congresso.

Convidou Eduardo Cunha, que morava no interior do Estado do Rio para um cargo de confiança em seu gabinete no Anexo IV,em Brasilia. Cunha era o primeiro a chegar e o último a sair.

Estudava dia e noite o Regimento Interno e elaborava os documentos que eram levados com a assinatura de Francisco Silva tanto  para a Mesa Diretora como para as Comissões internas.

Ganhou a confiança total do chefe. Elegeu-se deputado estadual numa dobradinha evangélica  imbatível no Rio. O chefe era dono da rádio Melodia, do Rio, dedicada ao público que seguia a Bíblia, e Francisco, sem muita dificuldade, orientou-o a se converter para ganhar um generoso espaço na emissora.

Não levou muito tempo e a bancada o indicou para a presidência da Telerj  (Telefônica do Rio de Janeiro), numa época que uma linha residencial valia ouro e um orelhão uma prata finíssima. Fez a festa.

Antes da privatização do sistema, Eduardo Cunha já era mais conhecido no Estado do Rio do que nota de dois reais.

Engenhoso, partiu de assessor parlamentar para dono de gabinete, elegendo-se deputado federal, herdando uma montanha de votos deixados por Chico Silva, que já no final dos anos 80, início da década de 90 desistira da política porque só pensava em criar uma Rede de Rádio Melodia, o que de fato aconteceu.

Já deputado federal, Eduardo Cunha manteve o hábito de chegar cedo, ler o Regimento e aprimorar Requerimentos de Informação que geram convocações, convites ou ameaças de CPI.

Sua assessoria era escolhida de modo minucioso. De inteira confiança. Não foi por acaso que o algoz de Dilma Roussef foi a Comissão de Ética e deitou falação.

Ele sabe muito, de muitos dos seus pares. E fez questão de apontar o dedo para “Fundações”. Cunha não foi líder do PMDB por acaso, não foi aliado de primeira hora do PT por acaso. Não foi eleito presidente da Câmara por acaso e nem rompeu com Dilma por acaso. Não é um bagre ensaboado por acaso.

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