As Olimpíadas no Brasil revelam não só atletas de alto nível, mas também a política para o esporte no Brasil. E por conta dessa escolha, surge um princípio de polêmica que deve ultrapassar as fronteiras da Rio2016.
A continência ante a bandeira do Brasil é a ponta da discussão.
A questão principal é a incorporação de atletas de ponta como sargentos temporários das Forças Armadas. Quase um terço dos atletas de elite estão nesta condição. Das dez medalhas conquistadas até agora, nove vem dos quartéis.
O Programa Atletas de Alto Rendimento que contrata com base nos resultados esportivos e abraça esses atletas é uma parceria dos ministérios de Esportes e da Defesa inspirada nas experiências de países como Alemanha, China, Rússia, França e Itália, que possuem iniciativas semelhantes. “O programa conta com 145 atletas militares classificados para a Olimpíada, mas no total temos cerca de 600”, diz o major Guedes, vice-presidente da Comissão de Desportos do Exército.
Há equipes como a do judô compostas exclusivamente por militares. A seleção feminina é toda da Marinha, e a dos homens é do Exército.
Além da instrução básica militar, eles recebem um salário equivalente a R$ 3,2 mil, contam com seguro médico e direito de usar as instalações do Exército, da Aeronáutica ou da Marinha.
O El Pais lembra que em casos como o da sargento Tang Sing, lutadora de taekwondo. “Graças ao Exército pude realizar meu sonho de participar dos Jogos Olímpicos. Antes não tinha nenhum apoio e estava a ponto de abandonar o esporte. Com meu soldo como militar, consegui pagar um nutricionista, fiz viagens internacionais para competir, arco com
“O protagonismo das Forças Armadas nestes Jogos é um sinal da deficiência que o Brasil tem para manter, desenvolver e sustentar seus atletas. Como não há condições para fortalecer as estruturas que formam esses atletas, especialmente os clubes, os militares acabam ocupando esse espaço”, avalia Pedro Trengrouse, professor da FGV-Rio de Aperfeiçoamento em Gestão de Esportes.
Atletas militares com medalha
Thiago Braz Silva – salto com vara – medalha de ouro
Arthur Zanetti – ginasta – medalhada de prata
Arthur Nory – ginasta – medalhada de bronze
Felipe Wu – atirador – medalhada de prata
Poliana Okimoto – maratonista –medalha de bronze
Rafael Silva – judoca – medalha de bronze
Rafaela Silva – judoca – medalhada de ouro
Izaquias dos Santos – canoagem – medalha de prata
Mayara Aguiar – judoca – medalha de bronze