A deputada Liliane Roriz (PTB) implodiu a CPI da Saúde da Câmara Legislativa e as relações que ainda mantinha com a colega e presidente da Casa, Celina Leão (PPS). Gravações feita pela filha do ex-governador Joaquim Roriz põe em xeque a honestidade de Celina e de quebra todas as relações entre a Casa e o governo distrital, especialmente na Secretaria da Saúde.
Haveria um suposto esquema de desvio de recursos envolvendo deputados e gestores da Saúde. O Ministério Público que recebeu as gravações abriu no último dia 12 uma investigação para apurar as denúncias.
Liliane teria começado a grampear os colegas no fim do ano passado, segundo o jornal o Globo e o site Metropoles, quando os parlamentares decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Casa na ordem de R$ 31 milhões.
Segundo a reportagem de O Globo, ela ligou um gravador antes de começar a conversa. No áudio, é possível ouvir Celina falando que o “projeto” seria para um “cara” que ajudaria os deputados. A presidente da Casa disse ainda que Liliane não ficaria de fora: “Você (Liliane) tá no projeto, entendeu? Você tá no projeto. Já mandei o Valério falar com você.”
Diálogos
Celina Leão: Deixa eu te contar o que que vai acontecer: hoje,
nós vamos falar com o secretário de Saúde. A gente colocou o recurso pra ele
agilizar o negócio do recurso. Mas você tá no projeto, entendeu? Você não tá fora
do projeto não, você tá no projeto. Já mandei o Valério falar com você.
Liliane: Eu não entendi…
(…)
Celina: Colocaram as emendas e queriam que eu e você assinássemos.
Eu falei: “Eu não vou assinar isso aqui, pera aí”. Entendeu? Aí eu chamei eles
e falei: “O que que tá acontecendo?”. Aí foi que eles colocaram (inaudível): “Nós estamos
tentando um projeto aqui, o cara vai ajudar a gente…” Aí eu falei: “Ué, mas se vai
ajudar tem que ajudar todo mundo. Eu e Liliane assinarmos isso aqui pra vocês…
Entendeu? Foi só isso.
Liliane: Valério?
Valério: Diga-me.
Liliane: Me explica aquela história daquele dia que não entendi.
Valério: O quê que aconteceu: Tinha feito um negócio com o menino, com o Afonso, entendeu? Aí o Bispo Renato e o Júlio sentaram com o Afonso. E nada do compromisso. Lembrou que são seis pessoas: você, Renato, a Mesa, mais o Cristiano. (inaudível) Agora, se não tem compromisso, o Cristiano arrumou aquela parceria lá com as UTIs. E que nessa UtI teria — e aí passou o dinheiro para UTI. Tentaram conversar com o Afonso também. O Afonso disse que não poderia garantir nada. Segundo informação (inaudível) passada pessoalmente pelo Bispo Renato e pelo Júlio Cesar, inclusive naquele dia (inaudível) com o Afonso na última tentativa… Não abriu mão. Enquanto o Cristiano tem um negócio que pode render no mínimo 5 e no máximo 10, fica em torno de 7.
Liliane: É, é bom ficar no meio, né? Então tá.
Valério: Como o Afonso não garantiu, eles não negociaram.
*Valério detalha a decisão de colocar todo o recurso na Saúde, que era o lugar “que tem jeito”, enquanto na Educação “não tinha jeito”:
Valério: Mas meio a meio foi combinado.
Liliane; Ah foi?
(inaudível)
Valério: Foi. Aumentar pra 30 e dividir, só que o Afonso falou que na metade dele não tinha jeito, aí a turma falou: “Peraí, se não tem jeito, vamos botar tudo num lugar que tem jeito, ainda deixamos 1 milhão lá pro Afonso”.