Em meio ao recrudescimento com a crise política a partir da delação de executivos da JBS que o implicaram diretamente, o presidente Michel Temer ampliou fortemente a liberação de recursos de emendas parlamentares em junho.
A liberação de emendas é um dos mecanismos mais tradicionais que os governos lançam mão para garantir a fidelidade da base aliada. Nesta terça-feira, por exemplo, Temer tem previsão de audiências pessoais no Planalto com duas dúzias de deputados entre 8h e 21h30.
De acordo com o repórter Ricardo Brito, da Reuters, nos primeiros cinco meses do ano o governo havia liberado R$ 959 milhões em emendas e restos a pagar para deputados e senadores.
A lista dos parlamentares mais bem agraciados com recursos chama atenção pelo fato de que, entre os deputados, o campeão de emendas é Jair Bolsonaro (PSC-RJ), com R$ 18,5 milhões no primeiro semestre do ano e, entre os senadores, Aécio Neves (PSDB-MG), com R$ 18,4 milhões no período.
Somente no mês de junho esse valor foi de R$ 4,2 bilhões, elevando o acumulado no ano a cerca de R$ 5,2 bilhões, conforme levantamento feito pela Reuters no sistema de gastos orçamentários do governo federal, o Siafi.
Esses recursos desembolsados contemplam o pagamento de emendas ao Orçamento de 2017 e de restos a pagar, que são recursos empenhados em anos anteriores, mas só liberados agora.
A título de comparação, no dia 9 de maio –poucos dias antes da divulgação da delação que implicou Temer feita por executivos da JBS– a liberação acumulada no ano era de apenas R$ 531,5 milhões.
Denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer precisa garantir que o apoio à autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar se recebe a acusação criminal contra ele não chegue aos 342 votos necessários.
O Palácio do Planalto quer ver rejeitada a autorização do STF para apreciar a denúncia oferecida por Janot em no máximo duas semanas, para não correr o risco de que novos fatos possam vir a desfavorecê-lo.