O presidente Temer até tentou, mas não teve sucesso. O mês de abril marca o início do fim de um governo que pouco ofereceu ao país. Em meio a denúncias e escândalos, vive-se uma crise política permanente. O ambiente geral é de ressaca antecipada.
A recém-deflagrada Operação Skala da Polícia Federal apenas reforçou a percepção sobre esse quadro. A prisão de pessoas ligadas ao círculo íntimo do presidente colocou Temer novamente nas cordas. As supostas ligações do titular do Planalto com o setor portuário, que já eram comentadas nos corredores de Brasília, finalmente vieram à tona.
Diante de tudo isso, quais os recursos políticos do governo para enfrentar a nova crise? O que fazer para tentar virar o jogo? Há de se ter em mente que uma terceira denúncia contra Temer pode ser encaminhada ao Congresso Nacional.
A “agenda reformista”, antes o Santo Graal do Planalto, está sepultada desde fevereiro e não pode ser incluída entre esses possíveis recursos políticos. A equipe econômica não conseguiu convencer o Congresso Nacional da necessidade de se aprovar a reforma da Previdência e, ao final, a matéria saiu de pauta. Um governo com baixíssima popularidade não conseguiria mesmo fazer avançar o tema.
A segurança pública, que ganhou destaque a partir da intervenção federal no Rio de Janeiro, também pouco agrega ao governo. Passados quase dois meses de sua implementação, os resultados são pífios. Aliás, a avaliação é a de que o quadro piorou – a execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista acenderam um sinal vermelho. Os ataques à caravana do ex-presidente Lula no Sul do país, somados à escalada da violência no Nordeste, também indicam uma piora substancial no quesito segurança. O Brasil tem medo.
A situação levará ao inevitável recuo de Temer em sua tentativa de disputar a reeleição. Não por acaso, pipocam nomes de potenciais candidatos no seio do governismo. De Rodrigo Maia a Henrique Meirelles, postulantes não faltam. Todos, porém, com índices baixíssimos nas pesquisas de intenção de voto. A preocupação no Planalto é grande e o tempo para a construção de uma candidatura escasso.
Nem mesmo a difícil realidade vivida pela oposição serve de alento para o governo. Com a confirmação da condenação em segunda instância pelo TRF-4, a pretensa candidatura de Lula tornou-se uma miragem no deserto de opções eleitorais colocadas à mesa. Da esquerda à direita, nenhum nome ou projeto empolga a população.
O caldo de cultura para algum aventureiro, portanto, está sendo produzido. Os riscos para a democracia estão no ar.
O fato é que o governo Temer chegou a um melancólico final. O mais dramático é a ausência de alternativas consistentes. O próximo presidente, independente da coloração político-partidária, terá de se empenhar para construir uma maioria parlamentar sólida. Do contrário, o Brasil continuará patinando.