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Maria Esther Bueno, do Brasil

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A notícia, quando chegou, escureceu corações. Mas ao mesmo tempo foi como se o céu se tornasse vividamente mais claro, como enriquecido por um corpo esportivamente celestial.

Em todo o mundo, esportistas, governos e populações sentiram uma perda pessoal daquela cujo sucesso não tivera limites, a não ser aquele de partilhá-lo com todos, que era o desejo da bailarina que enfeitara as quadras do mundo e do Brasil.

Ao observar o noticiário sobre a repercussão do evento, notei que São Paulo decretara luto oficial, mas o Brasil não.

Lá no seu covil, o lobisomem presidencial, às voltas com seu Coronel, suas incursões na construção civil e suas verbas suspeitas e onipresentes, achara que diante dos crimes que assolam o país seria muito homenagear o que o Brasil tem de bom e de bem.

Em poucas e óbvias linhas, Temer disse o que já sabíamos e já sentíamos, para voltar às suas tramas, considerando desnecessário o decreto que não seria uma homenagem dele, mas do Brasil.

Em contraposição a ele, que não suporta o mérito, eu, que sempre o prezei e zelei para que fosse recompensado, senti-me pessoalmente ultrajado, como cidadão e brasileiro.

Com efeito, no TST, no preciso momento do sepultamento de Ayrton Senna da Silva, propus e obtive fosse ele agraciado com a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau Grã-Cruz.

O mesmo fiz com a atriz Henriqueta Brieba, que nos deixou aos 94 anos, com número recorde de décadas de trabalho.

Premiei igualmente Walter Salles Júnior por seus memoráveis trabalhos cinematográficos, da mesma forma que fiz com médicos e professores que engrandeceram sua profissão.

Em um dos jornais de hoje, o cartunista teve a felicidade de fazer dois desenhos com fundo escuro, um com as constelações, e o outro também com elas e mais pequenos traços unindo estrelas, de maneira a formar a silhueta perfeita da tenista rebatendo a bola em pleno espaço, com a elegância do ballet e o carisma próprio dos ídolos.

É assim que nos lembraremos dela, no céu, brincando com astros e dançando entre eles, e de lá nos inspirando como alguém de tal forma aquinhoada pelo destino que mesmo ao partir ficou ainda mais perto de nós. 

Baila, Esther. E mostre com sua graça os méritos do seu gênero e das mulheres da sua pátria,  satisfeitas por terem em você seu símbolo e seu espelho.

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