No anfiteatro do colégio, dezenas de crianças sentadas à esquerda e à direita. No meio, os pais, os avós e as mães. A manhã começava com uma homenagem, uma acolhida especial, aos papais, pelo dia que transcorreu no domingo.
Ouvi o barulho da criançada e não pude deixar de comparar o falatório, os gritos, a risadagem a um som de um bando de periquitos ou papagaios, que levantam voo numa manhã em busca de alimentos. A revoada sempre é acompanhada de uma tagarelice alegre que quebra o silêncio dos campos e das florestas. O ruído não para quando pousam ou encontram alimento.
O sobrevoo sobre as casas avisa que o bando está de passagem.
As crianças também não descansam em suas brincadeiras. No recreio, então, o barulho é um grito de saúde. As brincadeiras, o corre-corre, o pique pega que desafia o mais esperto, o mais rápido.
A bola feita de qualquer coisa entre chutes e mãos pequenas de um jogo qualquer. O sorriso largo estampado entre gritos de alegria. A infância no seu sentido mais pleno, onde sobra o infantil desejo de viver aquele momento. Só aquele momento. Sem preocupações, sem estratégias, sem malícias. O puro estágio de passagem para a adolescência.
No palco, cantam em grupo uma música que a gente quase não escuta. Não que o som esteja ruim. Mas a atenção é para elas. Seus olhares, suas expressões, o jogo do corpo como uma dança leve e suave no ritmo das mãozinhas que acompanham o teclado do maestro. Depois os aplausos, os abanos de filhos para pais e novamente o barulho de uma revoada.
É muito bom ver esses papagaios e esses periquitos em seu voo.