Ontem à noite ouvi aqui em casa um inseto se debatendo na cortina da janela. O barulho continuou. E como estava vendo um filme (“Os corajosos”, vale a pena assistir) na Netflix, deixei o bichinho na sua agonia.
Pouco depois, acendi a luz da sala e fui checar. Bati a cortina, olhei e nada. Depois, percebi um bichinho esverdeado no chão. Peguei. Era uma cigarra. Coloquei o animal no quintal, no alto de uma parreira de maracujá, daqueles que dá para abrir e comer direto. Na colher. Muito gostoso.
Falo da cigarra para recordar uma velha simpatia que campeia pelo Centro-Oeste. Dizem que quando a cigarra canta, a chuva vem.
Essa cantoria está sendo esperada com ansiedade no Distrito Federal. São mais de 110 dias sem chuva. E há muitas apostas para que esse canto chame a chuva, logo. Dizem que haverá uma chuvinha aqui e outra acolá ainda nesta quinta-feira ou no mais tardar até o final de semana.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que essa chuva, para quebrar o longo período de seca, está mesmo próximo.
O canto da cigarra – para muitos uma gritaria ensurdecedora – tem seus motivos. Elas estão à procura de um parceiro. O responsável por todo o barulho é o macho.
A cantoria marca uma passagem e uma estação, a Primavera, que começou no dia 23. Para muitas pessoas aqui de Brasília, a gritaria das cigarras já foi bem mais ensurdecedora.
Agora, está mais difícil ouvi-las nesse frenesi sonoro. Dizem que é por conta da mudança climática.