Inicialmente próximos do então candidato a presidente Jair Bolsonaro, grupos liberais têm se afastado de maneira progressiva do atual titular do Planalto. O principal motivo é a radicalização da agenda conservadora presidencial e de setores a ele ligados no Congresso Nacional.
Surgidos há alguns anos, grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Livres logo se posicionaram contra as políticas de esquerda da era petista. Críticos de uma agenda na visão deles estatizante, esses movimentos defendem uma pauta que contenha, entre outros pontos, reformas como a da Previdência, a tributária e a trabalhista. Assim, durante a campanha, muitos deles se aproximaram, mesmo que de maneira velada, de Bolsonaro.
Aqui começam os problemas. É sabido que o presidente da República não tem um histórico de defensor de uma agenda econômica liberal – seus mandatos de deputado federal deixam isso claro. Por outro lado, uma pauta conservadora nos costumes sempre esteve no radar do presidente, como a defesa da família e contra o casamento gay. Ou seja, batendo de frente com alguns preceitos liberais, em especial a liberdade individual.
Dada essa realidade, não está descartada uma aproximação entre alguns desses movimentos e os social-democratas. O que pode resultar disso ainda é uma incógnita.
Dois dados importantes: em primeiro lugar, o Livres, inicialmente ligado ao PSL de Luciano Bivar, abandonou essa agremiação assim que Bolsonaro a ela se filiou. É o Livres um dos responsáveis pela possível aproximação com a social-democracia.
O outro dado relevante é a fundação do novo partido de Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil. De ultra-direita, ele não cabe no figurino desses grupos. Trata-se de um caminho sem retorno, o afastamento definitivo entre os liberais e o bolsonarismo.
As eleições municipais serão um importante teste para os liberais. Nelas, elas precisarão demonstrar que têm fôlego político para enfrentar tanto a esquerda contra a direita. Não será fácil.