Quando os bolivianos forem às urnas neste domingo (18) para eleger um novo governante e um novo Parlamento, o ex-presidente Evo Morales não aparecerá nas cédulas de votação. Será a primeira eleição sem sua participação desde 1997, ou seja, em mais de duas décadas. Os bolivianos voltam às urnas após o fracasso nas eleições que geraram uma grave crise no país entre outubro e novembro do ano passado.
Exilado na Argentina, Morales escolheu seu ex-ministro e aliado próximo Luis Arce como candidato do partido Movimento para o Socialismo (MAS) à presidência da Bolívia. O pleito deste domingo visa finalmente trazer a estabilidade de volta ao país. Mas Maria Teresa Zegada, socióloga da Universidade de Cochabamba, duvida que isso aconteça. “O MAS está ameaçando não reconhecer um resultado eleitoral vantajoso”, afirma.
A Bolívia é um país profundamente polarizado quando se trata de poder econômico e político, uma situação agravada pelas contínuas tensões entre a população indígena e não indígena. Juntos, esses fatores tornam governar o país algo muito desafiador. A oposição está dividida. O moderado professor universitário Carlos Mesa, que deverá receber cerca de 30% dos votos, segundo apontam pesquisas de opinião, é apoiado pela classe média urbana liberal da Bolívia.
A elite conservadora e empreendedora torce pelo populista de direita Luis Fernando Camacho, projetado para levar 15% dos votos neste domingo. Alguns pediram que Camacho desistisse da corrida para aumentar as chances de Mesa, mas o populista rechaça a ideia, em meio às animosidades entre ele e o professor.
O candidato Luis Arce provavelmente se beneficiará de uma oposição dividida. De acordo com as leis eleitorais da Bolívia, ele só precisa de 40% dos votos – e uma vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado – para vencer no primeiro turno.
O cientista político Diego von Vacano está convencido de que o candidato do MAS seria bom para o país neste momento: “Arce não é como Morales; é um tecnocrata cosmopolita e a única garantia de que a Bolívia não vai voltar ao neoliberalismo e privatizar suas reservas de lítio”, afirma. (Da DW)