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Fórum Brasil–Países Árabes focado no pragmatismo e nos resultados

Fórum Liga Árabe

O futuro é agora é o tema principal do fórum da liga Árabe que pode ampliar os negócios com o Brasil/Divulgação

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Texto do Marcelo Rech

Entre os dias 19 e 22 de outubro, realizou-se o Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, evento que contou com as presenças do presidente Jair Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão, além de vários ministros brasileiros e árabes e autoridades empresariais e de organismos internacionais. A iniciativa da Câmara de Comércio Árabe Brasileira com o apoio da Liga dos Estados Árabes, esteve focada no pragmatismo e nos resultados.

Os dois lados enxergam um enorme potencial econômico-comercial e de cooperação. O presidente Jair Bolsonaro, fez a abertura do evento onde reafirmou a prioridade conferida pelo Brasil à expansão dos negócios com o Mundo Árabe. O evento também contribuiu para desconstruir a ideia de que há um alinhamento ideológico com Israel que vilaniza os países árabes. O presidente mostrou que não existem relações excludentes. Além disso, o evento ocorre em um momento de forte aproximação de Israel com seus vizinhos, o que tem reduzido significativamente as tensões naquela região.

Em seu primeiro ano de governo, Bolsonaro visitou, além de Israel, três países árabes – Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos -, quando foram assinados vários acordos. Outras viagens aos países árabes estavam previstas para este ano, mas a pandemia impediu a concretização da agenda.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão fez, no dia 22, o encerramento do encontro. Os árabes reconhecem no vice-presidente, um importante interlocutor do Brasil com a região. Também em 2019, Mourão esteve no Líbano onde discutiu detalhes sobre um possível acordo de livre comércio do país com o Mercosul. Este ano, o vice-presidente participou de debate com a Câmara Árabe, sobre o potencial das relações bilaterais.

De acordo com a organização, a temática geral fórum  – “O Futuro é Agora”-, debateu as perspectivas para o Brasil e os países árabes no novo cenário global pós-pandemia. A agenda contemplou, ainda, discussões sobre a nova ordem dos negócios internacionais, segurança alimentar, e a governança ambiental, social e corporativa.

Além da plenária, onde estiveram virtualmente presentes autoridades, executivos e especialistas brasileiros e estrangeiros, o evento comportou uma área de exposições, onde empresas apresentaram seus produtos, serviços e seus interesses no mercado árabe.

Como parte deste trabalho de aproximação e fortalecimento das relações do Brasil com os países árabes, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, realizou no dia 24 de junho, evento que reuniu os embaixadores do Brasil no Egito, Marrocos, Jordânia, Kuwait, Emirados Árabes, Líbano, Mauritânia, Bahrein e o representante da Liga Árabe, onde foram tratados diversos temas relacionados com o potencial econômico-comercial e de cooperação. A Liga Árabe, por exemplo, é integrada por 22 países e trabalha pelo aprofundamento das relações com o Brasil.

A aproximação do mundo árabe com o Mercosul, também interessa às partes. Atualmente, o bloco mantém acordos de livre comércio com Israel, Egito e Palestina, este último, ainda pendente de ratificação.

No entanto, existem negociações comerciais em andamento com Jordânia, Marrocos, Líbano e Tunísia. Também foram iniciadas tratativas com o Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Bahrein e Catar), mas as conversas estão paralisadas desde 2009 em função do protecionismo das indústrias petroquímicas brasileira e argentina, sensíveis à competitividade dos países árabes do Golfo.

Os países árabes também querem discutir política com o Brasil e entendem que o país pode jogar um papel relevante na resolução dos conflitos regionais de forma concreta e objetiva. O Brasil tem as credenciais para ir além da ratificação de posturas, como a dos Estados Unidos, que arrancou os acordos recentes de Israel com Bahrein e Emirados Árabes. É possível ir mais longe, pois, a despeito das narrativas em curso, há confiança, espaço e a necessidade de novos atores oxigenarem as negociações de paz no Oriente Médio.

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