Texto de Vivaldo de Sousa
No próximo domingo, dia 15 de novembro, milhões de brasileiros irão às urnas para escolher prefeitos e vereadores em 5.570 cidades. Em meio à pandemia, o voto é um importante instrumento democrático para que possamos escolher quem ficará à frente das administrações municipais nos próximos quatro anos. São nos municípios que os problemas do dia a dia da gestão pública ficam mais evidentes, embora políticas públicas estaduais e federais também possam afetar nossa vida.
Mas 15 de novembro também marca mais um aniversário da proclamação da República, ocorrida em 1889. Na época, assim como hoje, o Brasil passava por uma crise econômica, agravada em função das elevadas despesas financeiras geradas pela Guerra da Tríplice Aliança, cobertas por capitais externos. Os empréstimos brasileiros elevaram-se de três milhões de libras esterlinas em 1871 para quase 20 milhões em 1889. Muita coisa mudou desde então, mas ainda temos muitos problemas para resolver.
Com quase 14 milhões de desempregados e uma alta concentração de renda, o Brasil ainda é um país muito desigual. Dados do boletim “Desigualdade nas Metrópoles, divulgado em outubro, mostrou que, durante a pandemia, ricos ficam mais ricos em quase metade das regiões metropolitanas do Brasil. Os números mostram que, na média das 22 regiões metropolitanas, os 40% mais pobres perderam 32,1% da renda, os 50% intermediários perderam 5,6% e os 10% mais ricos perderam 3,2%.
Elaborado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Observatório das Metrópoles e Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), o boletim tem como base os dados sobre renda da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, referentes aos segundos trimestres de 2020 e 2019. Apesar da renda do topo da pirâmide ter caído na média geral, os ricos ficaram mais ricos em nove regiões.
Embora a escolha de prefeitos e vereadores não tenham o poder de resolver todos os problemas do país, é importante para nós, eleitores, refletirmos sobre como essa escolha pode ajuda a construir um Brasil mais igual, mais inclusivo e mais próspero, com maior distribuição de renda e oportunidades para todos. Esse ciclo de definição dos gestores públicos se completa com a escolha, em 2022, dos governadores e do presidente da República para o quadriênio 2023 a 2025.
Com os resultados do primeiro turno, principalmente nas capitais e cidades mais populosas, começaremos a ter um quadro sobre quem perde e quem ganhou nas eleições municipais, não apenas em relação aos prefeitos eleitos, mas também sobre o fortalecimento ou não dos principais partidos políticos e respectivas lideranças. No atual contexto, o pleito do próximo domingo pode ser visto como um prévia da disputa que teremos daqui dois anos, ainda que o cenário seja nacional.