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Apesar da melhora da economia, desigualdades sociais podem aumentar

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As desigualdades sociais se acentuaram com a pandemia também no Distrito Federal/Arquivo/Agência Brasil

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Texto de Vivaldo de Sousa

A crise provocada pela pandemia da Covid-19 na economia 205 milhões de pessoas desempregadas em todo o mundo até 2022. A previsão consta no relatório “Emprego Global e Panorama Social: Tendências em 2021”, divulgado nesta quarta-feira (2/6) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Excluindo o período de crise da Covid-19, essa taxa foi observada pela última vez em 2013. As mulheres serão as mais afetadas.

A OIT projeta que a perda de postos de trabalho no mundo chegará a 75 milhões neste ano. Em 2022, mais 23 milhões de pessoas perderão seus empregos. Na avaliação da entidade, será mais difícil erradicar a pobreza no mundo. A melhora que se espera no mercado de trabalho nos próximos meses será insuficiente para compensar o fechamento de vagas desde o início da pandemia até pelo menos 2023.

Conforme o relatório, as regiões mais afetadas no primeiro semestre de 2021 foram América Latina e Caribe, e Europa e Ásia Central. Em ambas, a perda estimada de horas de trabalho superou 8% no primeiro trimestre e 6% no segundo, em comparação com as perdas globais em horas de trabalho que foram de 4,8% e 4,4%, respectivamente, no primeiro e no segundo trimestres.

No Brasil, conforme dados divulgados pelo IBGE no dia 27 de maio, o desemprego chegou a 14,7% no primeiro trimestre. Foi uma alta de 0,8 ponto percentual na comparação com o último trimestre de 2020 (13,9%). Isso corresponde a mais 880 mil pessoas desocupadas, totalizando 14,8 milhões na fila em busca de um trabalho no país. É a maior taxa de todos os trimestres da série histórica, iniciada em 2012.

Apesar de os dados do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados no dia 1/6, terem mostrado uma recuperação maior do que o esperado na economia, ainda são muitos os riscos para o crescimento da economia neste ano, o que pode prejudicar a criação de empregos formais. Com a vacinação ainda lenta, há risco de nova onda de contágio de Covid-19, aceleração da inflação, em especial de alimentos, e de apagão de energia.

Além disso, como mostram os dados do IBGE, a agropecuária, a indústria de transformação e o comércio já se encontrem hoje com um nível de produção bem acima daquele verificado no período pré-pandemia, mas a construção civil e os serviços, sobretudo aqueles relacionados ao contato com os clientes, estão ainda bem deprimidos. Apesar do crescimento, as desigualdades sociais podem aumentar.

Sem renda, que muitos perderam com as novas regras e valor do auxílio-emergencial; sem emprego, mesmo que informal; e com o risco de os alimentos ficarem mais caros, o que aumenta o número de pessoas sem condições de terem comida em casa, as pressões por nova ajuda federal podem aumentar. Os dados dos próximos meses permitirão saber se o crescimento verificado no começo de 2021 vai se manter ou não.

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