Presidente ao sair do hospital voltou a mentir, dizendo que água de coco substitui sangue na veia
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saiu hoje (18) do hospital de São Paulo, onde ficou internado por quatro dias, com a língua afiada para atacar os adversários, mentir e ilustrar o negacionismo. Assistido pela Medicina (que se baseia na ciência) desde a semana passada, quando sentiu dores no abdome e tinha soluços intermináveis, Bolsonaso hoje investiu mais uma vez na fake news para justificar “uma nova cloraquina”.
Bolsonaro defendeu estudo sobre remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Para dar grau de credibilidade à sua bobagem verbal, Bolsonaro citou a água de água de coco em transfusões. Não é a primeira vez que ele usa esse recurso.
“(A proxalutamida) É uma droga que está sendo estudada e que em alguns países têm apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente. Vou ver se a gente faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei nenhuma. Até quando, lá atrás, eu zerei os impostos da vitamina D”, afirmou o presidente.
O que ele disse em abril do ano passado: “Olha só a gente vai buscar muita coisa na História. Na Guerra do Pacífico o soldado chegava ferido e tinha que ter sangue e não tinha sangue. Aí descobriram naquele momento que a água de coco servia e o pessoal não fez estudo de nada, meteu água de coco na veia do pessoal que estava ferido e deu certo”.
O que ele voltou a repetir hoje: “Na Guerra do Pacífico, não tinha sangue para os feridos. Resolveram botar água de coco e deu certo. Tem que buscar alternativas [no combate à Covid]. Com todo o respeito: eu não errei nenhuma ainda. Até quando lá atrás eu zerei os impostos da vitamina D, nós não erramos em absolutamente nada“.
O site MeioBit já tinha comentado sobre a sugestão de Bolsonaro. Há relatos anedóticos de água de coco sendo usada como alternativa a plasma ou soro fisiológico durante a Segunda Guerra Mundial, tanto por ingleses quanto por japoneses, mas ninguém teve tempo de escrever um paper, talvez por estarem desesperados tendo que injetar água de coco para salvar vidas no meio de uma guerra.
No texto de Carlos Cardoso, no mesmo site, a informação com citações bibliográficas de quatro fontes, é que a água de coco não é o substituto ideal para plasma, mas em uma situação de emergência pode ser usada sem grandes danos, se o paciente não sofrer de hipercalemia (excesso de Potássio no sangue) e outras condições.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) escreveu que “o paciente Bolsonaro não tentou tratamentos alternativos, não pregou negacionismo. Priorizou a ciência e a medicina. Se o paciente tivesse presidido o Brasil na pandemia, centenas de milhares de vidas teriam sido salvas”.
Para completar, Bolsonaro não respondeu sobre as acusações que pesam sobre o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), mas aproveitou para disseminar a discórdia. “Todo mundo sabe que Brasília é o paraíso dos lobistas. Vocês da mídia nos pressionavam por vacinas. Então muitas pessoas foram ouvidas lá no Ministério da Saúde. Se fosse algo secreto, superfaturado, eu estaria dando uma entrevista? Além dos filtros do Ministério, tem a CGU e o TCU. Não tem como você fraudar no nosso governo”.
Para ele, as acusações de corrupção vem de “pessoas que não tem credibilidade nenhuma”. “É motivo de orgulho pra mim que nenhum desses contratos não deram mais que um passo depois que foi apontado que existiam irregularidades”, disse para jornalistas na saída do hospital.