O sequestro do avião que saiu de Porto Velho foi abortado pelo piloto, que faleceu no mês passado
Texto de João Francisco da Silva
Nesta quarta-feira(29) faz 33 anos que um homem sequestrou um Boeing para arremessar contra o Palácio do Planalto e assim matar o presidente José Sarney (MDB) a quem culpava por suas dificuldades financeiras. Isso quase 13 anos antes do atentado contra as torres gêmeas de Nova Iorque.
O voo Vasp 375 no dia 29 de setembro de 1988, saiu de Porto Velho, Rondônia, com destino ao Galeão, no Rio de Janeiro, e escalas Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Após a decolagem de Belo Horizonte, o passageiro Raimundo Nonato Alves da Conceição sacou um revólver calibre 32 e anunciou o sequestro, ordenou voar para Brasília e confessou que pretendia jogar a aeronave contra o Planalto e matar Sarney.
A bordo estavam 98 passageiros e sete tripulantes. Ele feriu um passageiro, atirou na cabine até que o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva abriu a porta. Antes porém informou a torre do sequestro. Nonato matou o co-piloto Salvador Evangelista com um tiro na nunca, Então o comandante começou a negociar. No espaço estava um Mirage da Força Aérea Brasileira (FAB) com ordem de abater o avião caso entrasse no espaço aérea da zona urbana de Brasília.
O comandante sabia que todos morreriam de uma forma ou de outra. Ate pilotou o avião como se fosse uma aeronave de acrobacia. Começou fazendo um “tonneau” (acrobacia) seguido de mergulho em parafuso. O sequestrador caiu e ele conseguiu aterrissar em Goiânia onde a Polícia Federal estava a postos. Nonato foi baleado no quadril. O ferimento o incapacitou mas não era grave. Nonato porém morreu misteriosamente no hospital três idas depois por alegada anemia falsiforme.
O comandante Fernando por seu heroísmo foi agraciado com a Ordem do Mérito Aeronáutico. Sarney nunca comentou o assunto nem o agradeceu. A Boeing não reconhece como possível as manobras que o piloto fez naquele 737-300. Centenas de policiais no solo e a FAB testemunham que ele fez.
Fernando Murilo de Lima e Silva , pilotou até completar 60 anos. Morreu em 26 de agosto do ano passado, aos 76 anos, após complicações cardíacas e diabetes.
(João Francisco da Silva é jornalista com atuação em Joinville)