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Musk quer dinheiro. Liberdade de expressão é cortina de fumaça

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Musk comprou o Twitter e disse que é pela liberdade de expressão mundial/Reprodução Twitter/Elon Musk

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Ele tem sido a favor de empurrar o modelo de assinatura para depender menos da publicidade no Twitter

Texto de Charles Machado

Qual o objetivo do homem mais rico do mundo ao comprar o Twitter? Antes de responder essa questão é bom lembrar que esse movimento, colocou os concorrentes em polvorosa, afinal ganharam um adversário de peso, que mais do que entender do que faz, pode transformar o Twitter em uma máquina de fazer dinheiro.

É bom lembrar que o CEO da Tesla e da SpaceX é um dos tweeters mais populares, com mais de 83 milhões de seguidores na plataforma, e tem sido muito crítico da rede social fundada em 2006, que tem cerca de 400 milhões de usuários ativos diários.



Musk, que excluirá o Twitter do mercado de ações, tem sido a favor da redução da moderação do conteúdo do Twitter para promover a liberdade de expressão sem limites diferentes dos estabelecidos pela legislação em cada país em que atua, disse ele em uma entrevista recente. Também defende maior transparência, para a qual defende tornar público o código do algoritmo.
Como declarou recentemente, uma de suas prioridades no Twitter será eliminar os exércitos de ‘bots’ e o ‘spam’ que estão na rede social. Ele também tem sido a favor de empurrar o modelo de assinatura para depender menos da publicidade.

Mas afinal, o que quer Elon Musk com o Twitter? Simples. Ganhar mais dinheiro, e só ingênuos podem imaginar que o ex-sócio do Pay Pal está lá como baluarte da democracia.

Musk usa a polêmica pra faturar, aumentar a audiência e colocar seus negócios em evidência, ou você não acha um bom negócio comprar uma rede social influente pagando por ela menos de 5% do valor do Facebook e com um potencial gigantesco de crescimento?

É bom lembrar que, Elon Musk argumentou que a empresa tem o “potencial de ser a plataforma para a liberdade de expressão global”, mas que, na sua atual configuração, a rede social “não vai prosperar ou atingir esse imperativo social”.



No provável último balanço trimestral do Twitter antes de ser comandado por Elon Musk, a empresa reportou ontem que seu lucro líquido no primeiro trimestre de 2022 ficou em US$ 513,3 milhões. O resultado, impulsionado em parte pela venda da plataforma de anúncios para celular MoPub, por US$ 1,05 bilhão –, ficou acima dos US$ 68 milhões registrados no mesmo período de 2021.

A receita da empresa de mídia social somou US$ 1,2 bilhão entre janeiro e março, ligeiramente abaixo da estimativa média dos analistas, que era de US$ 1,23 bilhão. Mas representou alta de 16% em relação ao ano anterior. O faturamento vem, principalmente, dos anúncios pagos na rede social.

Aqui no Brasil, muita gente está achando que este é um debate sobre liberdade de expressão e seus limites. Mas não é.

Musk pretende abrir o algoritmo que decide que pessoas recebem quais tuítes, o que retira o sono das demais redes sociais, algo que no fim desse ano a União Europeia já deverá ter ratificado a nova Lei dos Serviços Digitais. Queira o bilionário ou não, abrir o código não será o bastante. Por lá, todas as plataformas terão de explicar, exatamente coo eles funcionam. Outro anúncio interessante é a intenção de Musk de que os bots acabarão, e que todo usuário será autenticado. Ou seja, todos passarão a ser legalmente responsáveis pelo que escrevem.

Você realmente imaginava que, no centro das preocupações de Musk, está o regime de moderação de conteúdo da plataforma, que pode remover publicações que ferem as regras do app, etiquetar postagens com links para fontes confiáveis ou suspender contas de usuários? Tudo cortina de fumaça, ao acender esse debate, Musk joga pra torcida e coloca todos os holofotes no seu novo filho, uma rede social, que pode e será completamente reinventada, logo, se prepare Zuckerberg pois agora Elon Musk vai estar no seu retrovisor.



Por trás desse discurso de querer ter uma rede social com menos regras sobre o que pode e o que não pode ser dito online, está uma estratégia clara de ampliar o número de usuários da rede. Afinal, quantos são os donos de produtos e serviços que podem falar diretamente e diariamente com milhões e logo bilhões de consumidores?

Ao fechar o capital do Twitter, Musk diminui o número de pessoas para quem precisa prestar contas, amplia sua influência e faz as modificações que bem entender para melhoria do resultado financeiro do negócio no médio e longo prazo.

É evidente que as empresas de tecnologia precisam ser mais transparentes quando decidem moderar conteúdos, ou contas em suas plataformas, mas isso não implica em transformar o espaço das redes sociais em manicômio pra todo tipo de delirante, falsos mitos inflados pelos robôs digitais.



Algumas das mudanças que já foram sugeridas por Musk, como a redução do número de contas automatizadas, a autenticação de todos os usuários da rede, além da redução (ou fim) da publicidade na plataforma, vão fazer o número de assinantes explodir no curto espaço de tempo. E se prepare: Musk vai criar outras redes sociais segmentadas, como o grupo Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger) e claro, inserir diversos serviços nessas novas redes como wallet para pagamentos, afinal não se esqueça da origem dele, ele veio do Pay Pal.

Tudo por dois a três anos até reabrir o capital da empresa com mais usuários, serviços e novas linhas de receita, e assim ganhando muito mais dinheiro.

Lembre-se a Tesla fatura menos da metade do Facebook, e tem de entregar automóveis, gerir fábricas, posto de atendimento, logística reversa, enquanto isso o Facebook entrega o conteúdo que nós produzimos pra ele e nada cobramos, logo pense onde está o foco de Musk? Logo esqueça, Elon quer é dinheiro, e pra ele, como já provou, nem o céu é o limite, ele agora quer faturar sem precisar lhe entregar nada e ser apenas uma plataforma.


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