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Consequências da falência de bancos dos Estados Unidos

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O dólar é a principal moeda mais comercializada no mundo/Arquivo

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O Fed deve manter os juros na próxima reunião de política monetária no país, marcada para a próxima semana

Por Misto Brasília – DF

A sessão é mais uma vez de forte baixa para as ações do setor bancário nos EUA, com destaque para os bancos regionais, que, posteriormente, chegaram a ter suas negociações interrompidas durante a manhã por atingirem o limite de baixa. É a consequência de mais uma crise financeira nos Estados Unidos.

Após uma queda de 14,84% na última sexta-feira (10), as ações do First Republic Bank chegaram a cair mais de 60% no pré-market do mercado americano nesta segunda (13), após o colapso do Signature Bank no fim de semana e o fechamento do SVB Financial na sexta-feira.



Às 11h15 (horário de Brasília) desta segunda, as ações caíam 73,02%, a US$ 22,06, informou o Infomoney.

A falência do Silicon Valley Bank (SVB), maior banco dos Estados Unidos a quebrar em mais de uma década, desmoronando em menos de 48 horas depois de delinear um plano para levantar capital, exigirá um pulso menos firme do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na reunião deste mês.

A avaliação é do gestor de multimercados macro da XP Asset, Bruno Marques. Para ele, agora a visão é que o Fed deve manter os juros na próxima reunião de política monetária no país, marcada para a próxima semana, ou elevar a taxa em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).



Em uma semana, os EUA testemunharam a quebra do segundo banco desde a crise de 2008 que afetou a economia global. Para compreender o que nos aguarda e se precisamos nos preocupar mais uma vez, a Sputnik conversou com dois especialistas, o professor da Universidade College London, Steve Keen, e da Universidade de Friburgo, na Suíça, Sergio Rossi.

A crise financeira de 2008 deixou cicatrizes na economia mundial e em especial na vida do cidadão norte-americano que tinha investimentos em bancos considerados sólidos até aquele momento, de acordo com a mídia.

Da noite para o dia, a relação de equilíbrio que deveria haver entre crédito e dívida se tornou insustentável causando um efeito dominó, afetando diversos bancos que já não tinham capacidade de liquidar dívidas e sustentar os fundos de investimentos.



Agora, em apenas uma semana, em um contexto de crise política e energética na Europa, quando a economia global começava a ensaiar um reaquecimento — graças ao arrefecimento do combate à pandemia de Covid-19 que afetou profundamente as cadeias de produção — dois importantes bancos nos EUA acabam de quebrar, tirando o sono da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen

Para entender melhor se podemos esperar por uma crise do tamanho da de 2008, a Sputnik ouviu a opinião do professor honorário de economia na Universidade College London e autor de Debunking Economics (Desmistificando a Economia) e The New Economics (A Nova Economia), Steve Keen, e do professor de macroeconomia e economia monetária na Universidade de Friburgo, na Suíça, Sergio Rossi.



“A ressaca da dívida privada excessiva ainda está conosco porque a Reserva Federal [o Fed] — e outros bancos centrais ao redor do mundo — é composta por economistas tradicionais que, surpreendentemente, não entendem o papel do crédito na macroeconomia e, portanto, não fizeram nada para reduzir o nível de dívida privada“, afirmou Keen.

“Agora que estão tentando controlar a inflação com taxas de juros, estão fazendo com que o valor das ações e dos títulos caiam, e essa é a causa próxima da crise. Inflar os preços dos ativos foi o efeito colateral de uma má ideia”.

O especialista destacou ainda que “a menos que eles façam algo para reduzir os preços dos ativos e reduzir a dívida privada, permaneceremos nesta situação”.


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