O superfungo também preocupa o Brasil: desde a terça-feira, um hospital de Pernambuco está em isolamento total
Por Gudrun Heise – RJ
Nos Estados Unidos, as infecções com o fungo Candida auris explodem: em 2022 registraram-se 5.754 casos, contra 1.310 dois anos antes. Embora pareça pouco perante uma população de 332 milhões, os médicos estão alarmados.
Em outubro de 2022 a Organização Mundial de Saúde (OMS) situava esse tipo de micose entre as 19 mais perigosas, em sua lista de patógenos prioritários fúngicos (WHO FPPL, na sigla em inglês).
O superfungo também preocupa o Brasil: desde a terça-feira (23), um hospital de Pernambuco está em isolamento total, devido ao registro de pelo menos três infecções. O primeiro caso no país foi identificado em dezembro de 2020, na Bahia.
O perigo de infecção é especialmente elevado para quem tem o sistema imunológico debilitado em decorrência de uma operação, quimioterapia ou outros. Por isso o fungo se dissemina sobretudo em estabelecimentos de cuidados de saúde e hospitais.
Oliver Cornely, do Centro de Estudos de Infecciologia da Clínica da Universidade de Colônia, explica que “a debilitação ou o colapso do sistema imunológico liberam o caminho para o fungo afetar diferentes regiões do corpo”.
Entre elas, sobretudo o sistema circulatório, o trato digestivo e certos tecidos. “Se o fungo contamina a corrente sanguínea, isso pode resultar numa sepsia. Após penetrar nos tecidos, em algum momento atingirá um vaso sanguíneo, é transportado pelo sangue e assim chega a todos os órgãos.”
Micoses invasivas como a desencadeada pelo Candida auris contam entre as doenças infecciosas mais frequentes e fatais: dos mais de 1 bilhão de humanos que as contraem a cada ano, cerca de 1,5 milhão morrem.
Cientistas calculam que existam cerca de 3 milhões de espécies fúngicas, das quais já foram identificadas 300 mil. Apenas entre 150 e 300 são descritas como patógenos humanos, sendo responsáveis por 90% das mortes por micoses.
Dificultando o diagnóstico do Candida auris, os sintomas de uma infecção são pouco específicos, começando com febre e calafrios. Além disso, ele pode se instalar em diferentes partes do organismo, inclusive no interior dos tecidos, onde não é visível.
(Gudrun Heise trabalha na Agência Deutsche Welle)