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Guerra dos chips e a economia da desatenção

TSMC produção de chips Misto Brasília

A empresa TSMC é uma das maiores produtoras mundiais de chips/Arquivo/Divulgação

A abertura de capital da Arm, uma fabricante de chips britânica, coloca um novo capítulo nessa guerra

Por Charles Machado – SC

A evolução da humanidade bem poderia ser contada pelas suas formas de registro, das pinturas em cavernas, cuidadosamente preservadas pelo tempo até o armazenamento de dados na nuvem.

A história do homem é sem sobras de dúvida história dos seus registros, e logo com a transformação digital aceleramos a produção de dados e com isso a necessidade de mais e mais memórias para a guarda e manuseio desses dados.

Pense a necessidade de memória por exemplo de um carro autônomo? Pense o quanto de memória precisa um vôo não tripulado, com os milhares de sensores ligados para efetuar ajustes de forma instantânea.

E logo quando a memória assume o protagonismo, a confecção dos chips e o seu domínio ganha novos ingredientes nessa guerra mundial certamente menos ruidosa do que a Guerra na Ucrânia, ainda que igualmente letal.

A economia da desatenção vive da gestão, e produção de novos dados, afinal para reter sua atenção e monetizar com ela, é necessário mais e mais dados, para com isso serem assertivos na conversão de dados em capital.

Como característica dessa nova economia, ao mesmo tempo que temos uma concentração das plataformas, identificamos um ambiente ainda mais concentrado na produção dos chips, impulsionados pela pandemia, que acelerou a demanda pelos microprocessadores.

Conhecida como TSMC, a Taiwan Semiconductor manufacturig Company, que é atualmente responsável pela fundição de chips para as principais cadeias de suprimentos globais, tornou-se o mais recente cavalo de batalha na luta política e tecnológica entre essas duas potências.

Curiosamente e justamente a empresa taiwanesa, que tem relações pra lá de espinhosas com a China e que lidera esse processo verticalizado, onde todos os grandes players são essencialmente montadoras, como a Apple, Qualcomm, Broadcom, Cisco Systems e Nvidia essas norte americanas.

O primeiro grande round, ocorreu em setembro de 2020, quando fabricantes que usam equipamentos ou tecnologia de propriedade norte-americana, precisarão solicitar uma licença antes de fornecer produtos à gigante chinesa de telefonia Huawei – responsável por cerca de 14% da receita da TSMC -, o que já atingiu de imediato a empresa de Taiwan.

Fundada em 1987, a TSMC, foi a primeira empresa do mundo voltada para a fundição. Seu modelo de negócio foi pioneiro por se concentrar na fabricação de chips sob medida.

Envolvida em 272 processos de produção tecnológica distintos e atendendo a uma rede de 499 parceiros na Ásia, Europa e América do Norte, em uma visão global com operações em todo mundo.

Por não ter produtos de consumo final como Intel e Samsung, a TSMC se diferenciou das demais fabricantes de semicondutores como a Intel e a Samsung, que por hábito acabam reservando os melhores chips a seus próprios produtos.

Muitos dos clientes da TSMC são fabricantes de semicondutores de circuitos integrados, mas não dispõem da capacidade para produzi-los em massa, acredita-se que seus maiores clientes sejam a Apple 23%, e um subsidiária da Huawei, HiSilicon com 14%.

Nos próximos dias, a abertura de capital da Arm, uma fabricante de chips britânica, coloca um novo capítulo nessa guerra, principalmente pelo fato dela ter uma elevada exposição de dependência aos chips chineses.

O prospecto da abertura de capital, confirma a impossibilidade de alguém ser significativo nesse mercado de semicondutores, sem depender em parte da China, e de ficar no meio do tiroteio entre Washington e Pequim.

 

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