A entrevista foi publicada após dias de protestos em massa em defesa da democracia e em repúdio ao extremismo de direita
Por Misto Brasil – DF
A colíder do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, que o referendo que resultou no Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) – seria um “exemplo a ser seguido” na Alemanha.
A afirmação faz parte de uma entrevista ao jornal britânico Financial Times nesta segunda-feira (22).
A entrevista foi publicada após dias de protestos em massa em defesa da democracia e em repúdio ao extremismo de direita em várias cidades da Alemanha, com a AfD sendo o alvo principal dos manifestantes.
No último fim de semana, mais de um milhão de pessoas participaram de cerca de 90 manifestações em diferentes pontos do país.
A nova onda de manifestações veio em resposta a uma reunião secreta realizada por membros da AfD com neonazistas, onde foi discutido um plano para a deportação em massa de milhões de imigrantes e “cidadãos não assimilados”.
A denúncia, surgida em uma reportagem divulgada pelo grupo de jornalismo investigativo Correctiv, deu início a um debate sobre a possível proibição da AfD ou a excluisão da sigla do financiamento estatal.
“[O referendo sobre o Brexit] é um modelo para a Alemanha, de que é possível tomar uma decisão soberana como essa”, disse Weidel ao Financial Times, argumentando que o chamado “Dexit” – termo que une o nome do país em alemão (Deutschland) com a palavra exit (“saída” em inglês) – daria um impulso a um fortalecimento da autodeterminação alemã.
A poucos meses das eleições europeias, a ultradireitista disse que seu partido quer reformar as instituições da UE de modo a reduzir o poder da Comissão Europeia – o Executivo do bloco europeu – e enfrentar o que ela chama de um “déficit democrático” no bloco europeu.
O escândalo fez com que Weidel acabasse sendo forçada a demitir seu assessor Roland Hartwig por ter participado da reunião, sobre a qual ela diz não ter nenhum conhecimento. Ela, inclusive, teria sido confrontada dentro do partido pela demissão de Hartwig.
Fundada em 2013 como um partido eurocético, a AfD deixou de lado sua causa original para se voltar cada vez mais ao ódio contra a imigração, se movendo para o lado mais extremo do espectro político alemão.