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Lembranças da morte de Ayrton Senna 30 anos depois

Ayrton Senna piloto Fórmula 1 Misto Brasil

Ayrton Senna foi o maior piloto da F1 do brasil e um dos melhores do mundo/Arquivo/Divulgação

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Era a primeira vítima fatal na F-1 desde 1986, quando o italiano Elio de Angelis morreu em um teste da equipe Brabham

Por Misto Brasil – DF

O dia 1º de maio de 1994 parecia ser um domingo de recomeço para Ayrton Senna. Depois de rodar no GP do Brasil, quando estava à caça da Benetton do alemão Michael Schumacher, Senna abandonou logo no início o GP do Pacífico, em Aida, no Japão, após sua Williams ser tocada na largada pela McLaren de Mika Hakkinen e pela Ferrari de Nicola Larini.

No GP de San Marino, em Ímola, na Itália, terceira etapa do Mundial de Fórmula 1, Senna fez novamente a pole e buscava a recuperação no campeonato em que ainda era favoritíssimo ao título, relata um texto da Agência DW.

A Williams, sua nova equipe, havia dominado a F-1 nas duas temporadas anteriores. Em 1994, o regulamento baniu a eletrônica da categoria, grande trunfo da equipe que agora buscava um novo acerto para seus carros.

“O carro da Williams era difícil de guiar. Mas a projeção de resultados era boa, tanto que Damon Hill quase foi campeão. Nessa lógica, considerando que Senna era muito mais rápido do que Hill, é de se considerar que Senna ganharia o campeonato de 1994“, diz o ex-correspondente internacional Raul Moreira.

A corrida em Ímola era a estreia internacional de Raul na F-1. Depois de cobrir o GP do Brasil e não ir à etapa de Aida, ele viajaria o mundo cobrindo a competição para um jornal e uma rádio. Além disso, sua coluna Leitura Rápida seria distribuída para vários veículos de imprensa com o patrocínio de uma grande empresa de alimentos.

“A gente teria um duelo ainda mais fantástico de Senna com Schumacher do que com Prost”, supõe.

Tragédia ao vivo chocou o mundo

Na sexta-feira anterior a morte de Senna, Raul chegou ao autódromo Enzo e Dino Ferrari depois do grave acidente de Rubens Barrichello, que foi salvo após ser reanimado na pista pela equipe médica. No sábado, o austríaco Roland Ratzenberger morreu ao bater violentamente na curva Villeneuve.

Era a primeira vítima fatal na F-1 desde 1986, quando o italiano Elio de Angelis — ex-companheiro de Senna na Lotus — morreu em um teste da equipe Brabham. Em um fim de semana de GP, foi a primeira morte desde 1982, quando o carro do italiano Riccardo Paletti pegou fogo.

“A F-1 teve uma mudança radical com o fim da eletrônica. Mas no Brasil você não houve problema de confiabilidade, em Aida também não. De repente, tudo descambou em Ímola”, conta Raul Moreira.

No domingo, logo na largada, um acidente envolvendo J.J. Letho e Pedro Lamy lançou pedaços dos carros e dois pneus nas arquibancadas, ferindo nove pessoas. O safety car entrou em ação até a sexta volta, enquanto os detritos eram retirados da pista.

Na sétima volta, aconteceu o momento que marcou para sempre a memória de milhões de fãs pelo mundo: a Williams de Senna passou reto na perigosa curva Tamburello e se chocou com a mureta a mais de 200 km/h.

“Foi um silêncio sepulcral”, diz Raul sobre a reação dos jornalistas brasileiros na sala de imprensa. “O que causou perplexidade foi que Senna ficou imóvel”.

A chegada da equipe médica e da ambulância, seguidas da remoção de Senna por helicóptero, evidenciaram a gravidade da situação. “Quando vimos a posição dos pés dele na maca, vimos colocarem pano, aí foi um pânico geral”, lembra Raul.

Alguns jornalistas desceram até o padoque para buscar informações. Sem saber o que fazer, Raul viu que o jornalista Livio Oricchio resolveu ir ao hospital Maggiore, em Bolonha, para onde Senna acabara de ser levado, e lhe pediu uma carona. “Fomos os primeiros jornalistas brasileiros a chegar no hospital”, conta.

O boletim médico já indicava a morte cerebral do piloto, tirando qualquer esperança de recuperação, embora seu coração ainda batesse. Jornalistas do mundo todo se revezavam no telefone público do hospital, numa época em que poucos tinham telefone celular.

Por uma fatalidade, era Raul quem estava ao telefone, falando ao vivo para uma rádio, quando a médica Maria Teresa Fiandri anunciou oficialmente a morte de Senna, notícia que ele foi o primeiro a transmitir.

“Em um momento, houve um alvoroço no saguão do hospital, eu estava ao telefone e ouvi a médica falando”, conta. “Foi horrível anunciar a morte dele”.

Desnorteado, Raul só saiu do hospital à meia-noite, levado por uma equipe de jornalistas suíços que o deixaram no hotel. “Quando você acorda é que a ficha cai. Aí é muito difícil”, lembra.

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