Ícone do site Misto Brasil

DeFi e o derretimento dos bancos

DeFi sistema financeiro Misto Brasil

Há um redesenho do sistema financeiro internacional com novas tecnologias/SanBlog

Compartilhe:

As finanças devem caminhar a passos largos para um total redesenho, com a participação de novos atores, como as redes sociais

Por Charles Machado – SC

Qual foi a última agência bancária que abriu na sua cidade? Vamos mais além, qual foi o último ano em que o número de agências bancárias cresceu no Brasil?

Com exceção das cooperativas de crédito, impulsionadas por razões que não são o objeto desse artigo, o velho sistema financeiro tradicional, onde você ia até uma agência e sentava para tomar um café com o seu gerente já faz parte apenas da sua memória.

As finanças devem caminhar a passos largos para um total redesenho, com a participação de novos atores, como as redes sociais, ou a verticalização de canais de distribuição, entrando no sistema financeiro, como o Mercado Livre ou o chinês Alibaba, logo elas devem ser a cada dia mais descentralizadas.

Por isso o termo DeFi vem crescendo em popularidade, quase sempre usado para descrever as Decentralized Finance ou Finanças descentralizadas.

DeFi, de forma simplificada, se refere a um ecossistema de aplicativos financeiros construídos em cima de um Blockchain.

Seu objetivo é desenvolver e operar de forma descentralizada, sem intermediários, como bancos, provedores de serviços de pagamento ou fundos de investimento todos os tipos de serviços financeiros no topo de uma rede de Blockchain transparente e confiável.

Cabe ressaltar que finanças descentralizadas (DeFi) não é um termo legal nem técnico, este ecossistema ainda é muito novo e pouco explorado na literatura. No entanto, é usado cada vez mais no contexto das discussões sobre a evolução futura das finanças e seus regulamentos.

A mesma evolução na comunicação, com as redes sociais, para o bem e para o mal, deve ocorrer com a participação a cada dia maior das plataformas, funcionando como canal para novos agentes financeiros, na facilidade em que se envia um e-mail, com o dinheiro a cada dia mais digital, a transferência de remessas será a cada dia mais simples e descentralizadas.

Tendo como base a tecnologia Blockchain, os serviços serão remodelados, com a substituição e em muitos casos a eliminação de intermediários financeiros.

Notadamente, as finanças descentralizadas têm potencial de criar novos caminhos para acessar serviços e atividades como: pagamentos, empréstimos, financiamentos ou investimentos.

Desenvolvimentos recentes na tecnologia Blockchain estão capacitando um novo paradigma em torno da desmaterialização da descentralização e desintermediação. A tecnologia Blockchain pode eliminar a necessidade de intermediários em transações financeiras, pois pode facilitar as transações ponto a ponto por meio de confiança distribuída e plataformas descentralizadas.

Como resultado, a tecnologia Blockchain pode aumentar substancialmente o escopo e a eficiência das transações ponto a ponto, transformando modelos de negócios anteriormente inviáveis em viáveis, como salientam os autores Yan Chen e Cristiano Bellavitis, destacados no livro “Finanças Digitais: Tokens e o Potencial da Tecnologia Blockchain” de Daiane Rodrigues dos Santos.

Claro, que novos universos ofertam também novos riscos, como destaca o relatório do Fundo Monetário Internacional(FMI), de outubro de 2021, que salienta que os produtos DeFi podem expor os usuários a uma gama de riscos, um pouco mais complexos e menos transparentes, com grandes riscos tecnológicos e de governança decorrentes de códigos defeituosos, uma vez que a falta de intermediários centrais complica os esforços das autoridades para monitorar e regulamentar esses produtos.

Sistema financeiro e o número de fintechs

A lógica libertária do DeFi, coloca seu foco na criação de uma arquitetura financeira mundial, onde as regras locais, intermediários, lógicas de negociação sejam todas definidas por softwares e funcionem de maneira direta, distribuída e transparente a todos que a queiram usar.

Não há regulador, entidade regulada, base geográfica, restrições de utilização, know-your-costumer, anti-money-laundry, compliance e todo o aparato legal atual que envolve a arquitetura local/mundial do mercado financeiro, e claro o risco aumenta.

Um novo desenho do sistema financeiro pode ser melhor explicado por alguns números, tendo como referência apenas os bancos no Brasil, em 1990 o Brasil contava com cerca de 732 mil bancários, para uma população de cerca de 149 milhões de habitantes, hoje com 210 milhões devemos fechar o ano com cerca de 450 mil bancários, isso mesmo, em 30 anos foram fechados quase 300 mil postos de trabalho, com o fechamento de cerca de 1500 agências apenas nos últimos três anos.

Ao mesmo tempo, entre 2019 e 2022 o número de fintechs, passou de 250 para cerca de 730 Fintechs, o que dá uma dimensão da mudança, isso. Quanto aos velhos bancos, a tendência de cortes de pessoal e o fechamento de agências, continuará nos próximos anos, não há estabilidade, não há investimento, não há crescimento na maioria dos bancos.

Apenas em 2023, vinte dos maiores bancos do mundo terão eliminaram pelo menos 61.905 empregos, de acordo com cálculos do Financial Times.

A Descentralização das Finanças cria um novo desenho onde os novos concorrentes não serão outros bancos, mas plataformas digitais e qualquer outro modelo de negócio com considerável escala.

Vamos dar apenas um exemplo, hoje o maior adquirente no setor de alimentos do Brasil pertence ao ifood, isso mesmo, todo pedido que você faz pelo aplicativo do ifood, o dinheiro circula apenas pela empresa de cartões do iFood, e logo a taxa de administração, e os adiantamentos e suas taxas de descontos de todos os donos desses estabelecimentos é feito pelo ifood, que também ganha com o split da taxa de entrega do motoboy que levou a comida até a sua casa, e onde fica o banco nessa história?

Sair da versão mobile