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Incêndios impactam no turismo rural e de aventura

Agentes temporários ambientais no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros/Arquivo/Fernando Tatagiba/ICMBio

Por causa do fogo intenso, muitas áreas que eram exploradas por turistas em várias regiões do Brasil foram interditadas

Por Misto Brasil – DF

Muita fumaça, parques fechados, animais mortos e dificuldade para respirar. É assim que Alinne Assunção, coordenadora administrativa da associação de guias da Chapada dos Guimarães, define o cenário em uma das regiões mais procuradas para o ecoturismo no país.

Desde o início de agosto, quando as queimadas na região do Cerrado se intensificaram, diversos passeios foram cancelados e as paisagens mudaram completamente.

A tragédia provocada pelas queimaras impactaram no turismo rural e de aventura, onde pequenos negócios se sustentam que o atendimento do turista.

“Tivemos uma diminuição de 80% na procura em relação aos atrativos. As queimadas prejudicam os passeios, tanto pelo cenário quanto pelo ambiente que fica super insalubre”, destaca Assunção.

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Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, algumas unidades permanecem total ou parcialmente fechadas.

O órgão informou ainda que foram registrados 36.290 hectares de áreas queimadas em todo o município da Chapada dos Guimarães (MT), sendo 3.807 na região de proteção ambiental.

Por causa do fogo intenso, muitas áreas que eram exploradas por turistas em várias regiões do Brasil foram interditadas e seguem previsão de reabertura.

Uma delas é a Floresta Nacional de Brasília, onde as chamas já consumiram 700 hectares da área de proteção ambiental e ameaçam agora casas nas proximidades do parque.

Incêndios florestais São Paulo Misto Brasil
Incêndios florestais foram registrados em mais de 30 municípios de São Paulo/Arquivo/Reprodução/X

Regiões turísticas prejudicadas

Desde o início do mês, o fogo também atinge o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, reconhecido Patrimônio Mundial Natural da Unesco.

O ICMBio comunicou que, até o momento, a área queimada dentro do parque é estimada em 8 mil hectares, e a extensão total, incluindo o entorno, alcança cerca de 10 mil hectares. Embora a região ainda esteja sofrendo com alguns focos de incêndio, a parte turística segue aberta à visitação.

O problema não se limita somente à região Centro-Oeste. Destinos turísticos no Sudeste também já sofrem com os impactos das secas e queimadas.

Em São Paulo, alguns parques precisaram ser fechados para garantir a segurança dos turistas.

Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo (Semil), 81 unidades de conservação localizadas na região metropolitana e interior do estado estão fechadas desde o início de setembro.

A pasta informou ainda que somente os parques estaduais Campos do Jordão e Cantareira estão parcialmente abertos para visitação.

Incêndios florestais também forçaram o fechamento de todos os parques estaduais do Rio de Janeiro, no último sábado (14).

A medida, que abrange 40 unidades de conservação, incluindo o Parque Estadual da Serra da Concórdia e os Monumentos Naturais Serra da Beleza e Serra da Maria Comprida, visa proteger a região e os visitantes durante o período de estiagem.

Em Minas Gerais, a água das cachoeiras de Bom Despacho, em Santa Cruz de Minas, desapareceu. Sem chuva há mais de três meses, a região entre São João Del Rei e Tiradentes, importantes pontos turísticos de Minas Gerais, enfrenta uma seca preocupante.

O Parque Nacional da Serra Canastra sofreu com queimadas no início do mês. Os incêndios no local já foram controlados.

O coordenador do Programa de Pós-graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcello Tomé, alerta que os incêndios não só modificam a “beleza cênica”, como também representam perigo à saúde, com a emissão de fumaça e gases tóxicos e o risco de queimaduras ou até morte.

“As queimadas podem impedir o acesso e o aproveitamento dos atrativos turísticos, além de causar prejuízos significativos às comunidades locais”, acrescenta.

O professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Côrtes, destaca o papel das condições climáticas extremas no agravamento dos incêndios.

Segundo ele, o aumento das temperaturas e a falta de umidade tornam a vegetação mais vulnerável ao fogo, e muitos dos incêndios que se alastram em biomas como o Pantanal e o Cerrado têm origem criminosa.

Trabalhando com o turismo na Chapada dos Guimarães há 12 anos, a publicitária Fernanda Lemes atua com o marido em uma agência de ecoturismo e em um hostel na região.

Desde o início dos incêndios, ela conta que as paisagens mudaram completamente e que o impacto nas atrações tem sido bem grande. “Os mirantes estão todos queimados e há animais mortos. É bem triste o que está acontecendo”, diz. (Texto da DW)

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