O discurso sobre imigração, capitaliza ansiedades sobre o impacto dos fluxos migratórios venezuelanos nos serviços públicos e na segurança
Por Marcelo Rech – DF
No domingo (16), os chilenos deram um recado contundente à esquerda que governa o país: querem um giro à direita, a exemplo do que fizeram os bolivianos. Mergulhado numa crise que é econômica, mas também social, o país definirá no dia 14 de dezembro, quem será o seu presidente.
Jeannette Jara, do Partido Comunista e candidata governista, venceu o primeiro turno com 26,7%, enquanto José Antônio Kast, de direita, obteve 24,1%. Nas legislativas, a direita venceu.
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Na Câmara, fez 76 deputados – são necessários 78 para se obter maioria absoluta – e no Senado, 25 cadeiras – 26 é a maioria na Casa.
Na primeira pesquisa pós-primeiro turno, Kast já aparece com cerca de 70% das intenções. A tendência é que ele consiga confirmar o apoio de Evelyn Matthei e Johannes Kaiser, ambos de direita, que, juntos, somaram 27% dos votos. Franco Parisi, de centro, conquistou 19% e ficou em terceiro.
O desempenho de José Antônio Kast guarda relação com a situação geral do Chile, um país que já foi exemplo para toda a região, mas que padece do aumento da criminalidade, em grande medida, importada e que se infiltrou em zonas antes conhecidas justamente pela segurança.
Em sua campanha, ele defendeu a deportação de milhares de imigrantes ilegais. O Chile, justamente pela qualidade de vida e dos serviços públicos, atraiu, durante os últimos anos, gente de todos os lados, especialmente da Venezuela, incluindo, claro, muitos integrantes de organizações criminosas.
O discurso sobre imigração como uma ameaça, capitaliza ansiedades reais sobre o impacto dos fluxos migratórios venezuelanos nos serviços públicos e na segurança. É o mesmo efeito que tem sido percebido, por exemplo, na Europa, que escancarou suas fronteiras sem critérios.
Também é importante enfatizar que Kast não representa uma ultradireita, como se tem noticiado levianamente.
Ele representa uma direita firme e nacionalista e sua agenda está sintonizada com as preocupações legítimas de milhões de chilenos que se deparam com uma deterioração da sua qualidade de vida por conta da criminalidade e da imigração descontrolada. São fatos.
Etiquetar como “extrema” toda posição conservadora é parte de uma estratégia da esquerda radical para deslegitimar alternativas democráticas.

