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Cada parada se torna um ponto de encontro do grafite de Tainá Fulô entre memória, território e identidade negra — população majoritária da região
Por Misto Brasil – DF
Nove paradas de ônibus em Ceilândia foram ilustradas com o desenhos que remetem o hip hop. A intervenção reúne murais realizados pela técnica do graffiti, trazendo para o espaço público uma narrativa visual afro-brasileira que une feminino, biomas brasileiros e ancestralidade.
As pinturas estão distribuídas pela Ceilândia Sul, Ceilândia Centro, P. Sul e P. Norte, compondo um percurso simbólico pelo cotidiano da cidade.
Cada parada se torna um ponto de encontro entre memória, território e identidade negra — população majoritária da região, que hoje corresponde a 58,3% dos moradores segundo a PDAD 2023.
A obra nasce do diálogo da artista Tainã Fulô e o território onde se formou como artista. Para ela, Ceilândia não é apenas cenário: é linguagem, é matriz de consciência, é pedagogia do hip hop.
“Pintar na Ceilândia é continuar a caminhada que já existe aqui. É conversar com o território e com quem constrói a cidade todos os dias”, afirma a artista.
Inspirado por biomas como o Cerrado, figuras femininas atuam como guardiãs do território: mulheres reais, mães, vizinhas, divindades e arquétipos africanos kushitas e kemitas, compondo uma mitologia própria que atravessa cuidado, espiritualidade e força criadora.
Para Tainã Fulô, “quanto mais periférico o território, maior a recepção positiva”. A comunidade reconhece nas imagens algo que é seu: cor, raiz, brilho e pertencimento.
