Estar em casa no meio da tarde de uma quarta-feira pode parecer o paraíso para quem vive preso no escritório. Mas, para os milhares de jovens brasileiros que estão sem emprego, horas, semanas e meses livres não têm nada de descanso.
A preocupação com a vida profissional da chamada geração Y (os nascidos entre os anos 1980 e meados de 1990) é fruto de um maior acesso a informação, de mais opções de carreira e de uma constante projeção do futuro, diz a professora Elisabete Adami, do curso de administração da PUC-SP.
“Gastei dias pesquisando cursos de qualquer coisa”, diz a editora Ana Luiza Candido, 28, desempregada desde junho. “Porque, no fim, é um tempo que a gente fica à toa. Boa parte dele você está esperando uma resposta e às vezes ela não vem.”
Nas suas pesquisas, Ana descobriu um curso de contação de histórias, que vai começar em outubro. Também procurou trabalhos voluntários em ONGs de animais e aulas de culinária. Um grupo de artesanato é outra opção.
Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de junho mostra que pessoas entre 18 e 24 anos são as mais afetadas pelo desemprego. O índice passou de 15,25%, no 4° trimestre de 2015, para 26,36% no 1° trimestre deste ano.
Segundo economistas ouvidos pela BBC Brasil, o fenômeno se estende a quem tem menos de 30 anos e começou a vida profissional um pouco mais tarde.
A vontade da geógrafa Denise Dias, 25, era terminar a faculdade na USP e começar a trabalhar em uma empresa de engenharia. Mas a crise interrompeu seus planos. Depois que entregou o trabalho de conclusão de curso, em julho de 2015, ficou sem emprego até dezembro.
Em uma agência de emprego no centro de São Paulo, Kauê Mamprim, 23, tem a mesma sensação. Ao ouvir da atendente que não tinha experiência suficiente para uma vaga, solta um suspiro e diz que quer começar outra faculdade o mais rápido possível.
“Me formei em 2014 e achava que nem ia precisar procurar. Se soubesse disso seis anos atrás, teria escolhido diferente.” (Da BBC)