Mao Tse-Tung é “um grande marxista e um grande revolucionário” que, no entanto cometeu “graves erros”. Ou, dito de forma popular, “acertou 70% e errou 30%”.
Quarenta anos depois de sua morte, a sua figura ainda está muito presente na vida diária. Sua imagem domina a entrada da Cidade Proibida, o centro físico e emocional de Pequim. Seu rosto aparece impresso em todas as notas de dinheiro.
Mas a comemoração oficial de seu aniversário na última sexta-feira foi extremamente discreta. Uma série de cerimônias em Pequim, Tangshan (nordeste da China) ou Shangri-la, no sudoeste, aconteceram na surdina.
Filho de um rico fazendeiro, Mao (1893-1976) foi um dos fundadores do Partido Comunista da China em 1921. Depois de liderar o partido na guerra contra o Japão e a guerra civil contra os simpatizantes do Partido Nacionalista de Chiang Kai-shek, em 1º de outubro de 1949 declarou a fundação da República Popular da China.
Seu mandato, que queria criar um paraíso comunista em um país devastado pela guerra e pela pobreza, terminou com décadas de instabilidade e governos centrais fracos. Mas logo vieram os excessos.
No final dos anos cinquenta, ele ordenou o Grande Salto Adiante. Essa campanha queria industrializar, a passos gigantes, uma China majoritariamente rural. A definição de metas irreais gerou uma fome que matou cerca de 45 milhões de pessoas, de acordo com cálculos do professor Frank Dikötter, autor de Mao’s Great Famine, (A Grande Fome de Mao).
Em 1966, lançou a Revolução Cultural, um expurgo em massa que causou até um milhão de mortos e alterou, de uma forma ou de outra, a vida de praticamente todo cidadão chinês, destruiu a economia e grande parte do patrimônio cultural existente, e que ainda hoje gera consequências graves na mentalidade nacional. (A partir de uma reportagem de Macarena Vida Lyi, do El País)