Novos acordos de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato devem ser raros após a colaboração firmada com mais de 70 executivos da Odebrecht, e o “preço” a ser pago pelos eventuais novos colaboradores deverá ser maior, disse nesta quinta-feira o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da força-tarefa da operação.
Na entrevista que concedeu à reportagem da agência Reuters, Lima também fez críticas ao que afirmou serem tentativas do Congresso Nacional de aprovar leis que protejam a classe política das investigações e afirmou que as 10 medidas de combate à corrupção, defendidas pelo Ministério Público Federal (MPF) não são mais suficientes para combater o que ele chamou de “sistema político corrompido”.
“Cada vez mais, até pela natureza dos acordos, eles vão se tornar mais raros. Agora, não posso dizer que não haja possibilidade de um acordo ou outro, dependendo daquilo que for revelado”, disse o procurador da República a jornalistas após palestra sobre compliance a empresários na Câmara Americana de Comércio, em São Paulo.
O procurador explicou que, à medida que as investigações avançaram, os investigadores coletaram mais informações e sabem mais sobre o bilionário esquema de corrupção na Petrobras, o que faz com que um eventual novo informante tenha de trazer novidades e, ainda assim, acabe recebendo menos contrapartidas pela sua delação do que os primeiros colaboradores da investigação.
“Cada vez mais a Lava Jato vai se tornar nacional”, disse. “Os fatos revelados pela empresa (Odebrecht) aconteceram em dezenas de Estados envolvendo dezenas, centenas de políticos“, acrescentou Lima, que também avaliou que “talvez” seja melhor retirar o sigilo das delações da Odebrecht para, segundo ele, afastar os rumores de que vazamentos de informações nesses acordos têm origem no Ministério Público.