Qual o papel de Maria no catolicismo?

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Na primeira metade do século VIII, São João Damasceno, um dos mais importantes teólogos cristãos do primeiro milênio cristão, escrevia que “Maria é a primeira das novas criaturas”.

Com essa afirmação, queria destacar o papel da mãe de Jesus na configuração da fé cristã. Mãe de Cristo e irmã dos crentes, primeira seguidora e discípula do seu filho, protetora e advogada de quem a ela recorre, Maria de Nazaré pode ser também arquétipo da figura da mãe, da presença do feminino na antropologia e figuração da deusa-mãe.

A pergunta é de Antonio Marujo, co-autor ao lado de Joaquim Franco do livro Papa Francisco – A Revolução Imparável (publicado, em Abril. É dele esse texto resumido do Público.

Apontar Maria como mediadora e definir o que isso significa em concreto foi causa e consequência de muitos debates no interior do cristianismo, ao longo dos séculos. Qual deve ser, exatamente, o lugar da mãe de Jesus? Mediadora entre os crentes e Deus e, por vezes, colocada num plano próximo ao de Jesus, ou apenas vista como a primeira discípula do seu próprio filho? E deve ser objeto de culto e veneração, como admitem e praticam as tradições católica e ortodoxa, ou apenas uma referência e modelo no seguimento de Jesus?

A sua personalidade é, desde o início do cristianismo, venerada em diferentes graus, a ponto de ter sido proclamada pelo Concílio de Éfeso, em 431, como Theotokos – literalmente, “portadora de Deus”, ou seja, mãe de Deus.

O catolicismo e o cristianismo ortodoxo (predominante no leste europeu e no Médio Oriente) herdaram esse entendimento e essa veneração. Ao contrário do protestantismo, que se afastou daquilo que considerava os desvios e exageros da tradição católica.

Característica da identidade católica, a veneração a Maria é, no entanto, objeto de debates, divergências, opiniões diferentes – mesmo no interior do catolicismo. Esses diversos graus de adesão e as distintas expressões de linguagem utilizadas manifestam também, quase sempre, modos de ver e de se relacionar com a mãe de Jesus muito díspares.

O Papa Francisco não foge à regra: devoto da figura de Nossa Senhora, ele afirma, desse modo, a sua absoluta identidade católica. Mas, vindo da América Latina, ele dá a essa devoção uma configuração que não coincide completamente com algumas tradições. E que, se acentua a dimensão popular da irmã e companheira que apoia e auxilia os crentes, também afirma em permanência a centralidade de Jesus e do seu evangelho como fundamentos da fé cristã. Maria é, nesta perspectiva, tomada como a primeira seguidora de Jesus e a referência dos crentes.

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