Brasil e Angola são países siameses, com uma história compartilhada, que é cada vez mais perseguida, estudada e cultivada. A observação é do escritor angolano José Eduardo Agualusa, que escreveu mais de 20 livros. O último A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, foi apresentado na Festa Literária de Paraty, a Flip.
“O Brasil já foi totalmente fechado sobre si próprio. Ignorava não apenas África, mas o resto do mundo. Hoje melhorou bastante. Um bom exemplo é a própria literatura, hoje você tem um escritor africano, e estou a falar de Mia Couto, que vende mais do que a generalidade dos brasileiros, por exemplo”.
Na entrevista a André de Oliveira, do El País, o escritor afirmou que “neste momento, assim como aqui no Brasil, Angola vive como um país cansado, dilacerado e, nesse momento, desanimado, no sentido original da palavra: o de ‘perder a alma”.
E se os dois países andam cansados politicamente, sem um rumo certo, não é de se esperar que as relações também esfriem? “Não. Ainda que o governo brasileiro, se é que possível falar em um governo brasileiro atualmente, tenha abandonado a política externa, as sociedades civis estão a fazer essas conexões”, diz. Para ele, algo que foi plantado não pode ser retirado.
“A corrupção é mesmo algo que destrói tudo. É um grande problema”.
Falar de Brasil e Angola, lembra o escritor, faz pensar também em Odebrecht, corrupção, desvios econômicos, já que a empresa tem diversos negócios em solo angolano.