O exemplo boliviano

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O presidente Evo Morales, que está na presidência da Bolívia desde 2006, teria compromissos esta segunda-feira com o presidente Michel Temer. Sua permanência no Brasil seria de apenas um dia. Mas devido a cirurgia do presidente brasileiro, sua visita foi adiada para uma data ainda a ser definida pelos dois governos.

Morales é da esquerda latino-americana, mas ao contrário de seus aliados políticos, conseguiu imprimir um crescimento contínuo na Bolívia por mais de dez anos a uma média anual de 5% – muito superior à dos Estados Unidos e à dos países sul-americanos.

Apesar da crise no preço das commodities, o governo boliviano conseguiu manter o ritmo e foi cuidadoso para não desperdiçar o dinheiro que entrou após a nacionalização do gás e do petróleo em 2006.

O país tem crescido muito graças às exportações de gás natural que vende ao Brasil e à Argentina, o que gera o risco de ancorar seu crescimento a esse recurso. E, embora tenha feito esforços para diversificar a economia (com a venda de diesel, estanho e soja), permanece a pergunta de quanto tempo vai conseguir sustentar seu modelo de desenvolvimento.

No ano passado, a Bolívia cresceu 4,3%, sendo seguida por Paraguai (4,1%) e Peru (4%). A lista segue com Colômbia (2%), Chile (1,6%) e Uruguai (1,5%).

O desempenho foi bastante alto se comparado ao dos Estados Unidos, que cresceu apenas 1,5%, e com a América Latina, que teve uma retração de 0,9%. O Brasil teve retração de 3,6% em 2016.

No campo político, a gestão de Evo tem sido elogiada por suas reformas inclusivas, mas duramente criticada por suas supostas tendências autoritárias, casos de corrupção e o nascimento de uma chamada “burguesia aymara” – em referência ao povo indígena do qual Evo faz parte.

Embora haja posições distintas em relação à atuação política do governo Morales, sobre a condução da economia os especialistas nacionais e internacionais convergem. 

A BBC apontou três pontos principais para esta estabilidade econômica.

1. Gás e petróleo – Em 2006, quando Evo Morales decretou a nacionalização dos hidrocarbonetos (como gás e petróleo), a economia boliviana entrou em uma nova era.

Essa fase incluiu, em alguns casos, a transferência de empresas privadas para as mãos do Estado e, em outros, a renegociação de contratos com empresas estrangeiras que continuaram operando no país.

Uma dezena de multinacionais assinaram novos contratos com a estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), concordando em pagar uma taxa de entre 50% e 85% sobre o valor da produção, entre outras coisas.

2. Investimento planejado“Nos últimos 14 anos, o crescimento econômico foi impulsionado principalmente pelo explosão dos preços das matérias-primas, pelo aumento de impostos, pelos significativos investimentos públicos e pelo alto gasto em políticas sociais”, disse um porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI) à BBC Mundo.

“Durante a explosão das commodities, a pobreza diminuiu e o governo sabiamente guardou uma parte dos recursos, construindo uma grande reserva financeira'”, afirma.

3. EstabilidadeTanto economistas do FMI quanto analistas locais concordam que a estabilidade social contribuiu para o crescimento econômico.

Entre 2001 e 2005, a Bolívia teve cinco presidentes e um clima de alta polarização e conflito. O início do mandato de Evo também teve momentos complicados, como o processo constituinte e a oposição política se entrincheirando nas regiões ricas do país.

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