Portugal pode contribuir para ajudar a Venezuela a superar as dificuldades atuais no acesso a bens alimentares e medicamentos, disse, no domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva.
“Portugal pode contribuir, mesmo nesta circunstância de emergência (…) Há um exemplo muito simples, há hoje muitas dificuldades na garantia de abastecimento das populações em bens alimentares básicos ou de provisão de bens igualmente essenciais como os medicamentos”, disse.
Augusto Santos Silva falava à agência Lusa à margem de um encontro com a comunidade portuguesa, que decorreu no Centro Português de Caracas, e que reuniu centenas de portugueses e lusodescendentes, no âmbito de uma visita do chefe da diplomacia portuguesa à Venezuela. “Hoje, o principal grupo de produtos que exporta para a Venezuela são produtos agroalimentares, mas pode exportar muito mais e há cinco laboratórios portugueses que exportam medicamentos para a Venezuela e que podem exportar muito mais. Portanto, nós próprios podemos contribuir para superar estas dificuldades, certamente momentâneas, que hoje se vivem aqui”, disse.
Sobre o encontro com a comunidade portuguesa, o ministro considerou ter sido “muito interessante”, pela afluência e pela “franqueza das pessoas que às vezes têm alguma dificuldade, acanham-se um pouco, quando falam com membros do Governo”. Mas “não foi nada disso” que aconteceu, os portugueses “expuseram os seus problemas com toda a franqueza”, sublinhou, e acordo com o Público.
“Deu também para perceber bem qual é a dimensão das dificuldades que a comunidade portuguesa sente que vive hoje na Venezuela”, disse. Quanto a essas dificuldades, Augusto Santos Silva indicou que em primeiro lugar está “a questão da segurança” que “é crítica, porque as pessoas conhecem outras pessoas que foram objeto de roubo, algumas de sequestro”.
“Infelizmente nos últimos anos tem havido até casos de assassínio e isso cria um sentimento de insegurança que é preciso contrariar tão rapidamente quanto possível”, defendeu. A segunda dificuldade que apontou foi “o acesso a bens básicos, alimentares, de medicamentos e de cuidados de saúde”.
“Em terceiro lugar, o clima de aflição que se vive nos últimos dias, por causa da intervenção junto dos supermercados de redes portuguesas, no sentido de impor baixas de preços que as pessoas aqui entendem que não são possíveis, porque colocam esses preços abaixo dos próprios custos de produção”.