Os governos tanto do Reino Unido quanto da Alemanha têm procurado “dar um jeitinho”, com emendas ao Estado previdenciário, a fim de torná-lo mais eficaz e economicamente viável. Contudo o consenso parece ser que é necessária uma reforma radical do sistema, da base até o topo.
De acordo com diversos observadores, o serviço nacional de saúde britânico está, de fato, “falido” e “sem funcionar”. Como provas disso, estão seu crônico subfinanciamento, operações canceladas e pacientes atentidos nos corredores dos hospitais ou em ambulâncias, devido à falta de leitos, observa a DW.
Criado em 1948 pelo então ministro da Saúde Nye Bevan, o NHS era igualitário e independente de contribuições, sendo diretamente financiado pelas arrecadações tributárias. No entanto é uma abordagem cara, por cobrir a todos, não só os trabalhadores.
“No Reino Unido, há um sistema ternário, composto pelo indivíduo, o empregador e o Estado”, explica Chris Renwick, catedrático de História Moderna da Universidade de York e autor de Bread for all: The origins of the welfare state (Pão para todos: As origens do Estado previdenciário).
A Alemanha, por sua vez, tem um sistema dual de diversos pagadores, obrigatório para todos que vivem no país. De acordo com a renda e o estatuto empregatício, os cidadãos escolhem entre a seguridade pública, provida por caixas de saúde não governamentais, e seguradoras privadas.
As contribuições se baseiam ou numa percentagem da renda (público) ou na idade e risco (privado). O Estado, nos diversos níveis administrativos, não desempenha praticamente nenhum papel no financiamento da assistência de saúde.
Em 2003, o governo de coalizão entre social-democratas e verdes introduziu as reformas da previdência conhecidas como Hartz IV, que endureceram as condições para os desempregados, tornando-se profundamente impopulares. Em contrapartida, os assalariados do Reino Unido têm sempre em mente que, caso percam o emprego, sua renda será cortada inteiramente. Isso funciona como incentivo para que se encontre trabalho o mais rápido possível.
“Acho que a mensagem final é que, apesar das diferentes abordagens adotadas tradicionalmente, ambos os sistemas estão indo pelo mesmo caminho, pois os dois adotaram o curso neoliberal de priorizar a flexibilidade da mão de obra e a competitividade da economia, na frente do que o bem-estar”, comenta Patricia Hogwood, professora associada de Política Europeia na Universidade de Westminster, com especialização na política e sistema previdenciário alemães.