Um detalhe chamou a atenção das fotos das armas apreendidas na casa de um amigo do policial militar reformado Ronnie Lessa, no Méier, acusado de ser um dos dois homens que mataram a vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro. Entre as várias imagens distribuídas pela Polícia Civil do Rio, aparece a foto de fuzil modelo M27, fabricado pela alemã Heckler & Koch (HK). Ao todo, foram recolhidos 117 fuzis desmontados.
É um armamento de assalto similar ao novo fuzil automático que começaram a ser usados no ano passado por equipes especial dos marines americanos. No site Marines Times, uma postagem do último dia 21 de fevereiro, faz uma provocação aos soldados. “Ei, comedores de giz de cera, esses fuzis M27 são feitos para serem ‘prova marítima’, diz Heckler & Koch em artigo viral”.
A Heckler & Koch postou fotos de um novo lote de seus rifles automáticos de infantaria M27, ou IARs, que estavam programados para serem entregues aos fuzileiros navais. “Um novo lote de rifles M27 saindo da Geórgia foi para os cães do diabo. Se algum de vocês, crayon eaters, estiver lendo isso, por favor, trate-os bem, mesmo que nós os criássemos para serem à prova de Marine ”, diz o post no Facebook da Heckler & Koch.
O HK416 está disponível apenas para uso por governos e para uso militar, porém já estão disponíveis duas versões semi-automáticas: o Hk MR556A1 e o Hk MR762A1 em 5.56 mm e 7.62 mm OTAN respectivamente. Ambas visando o mercado civil norte-americano. O modelo foi adotado como o padrão das Forças Armadas da Noruega.
Tem uma coronha retrátil ajustável, oferecendo seis diferentes comprimentos ao puxar. Baseia-se, principalmente na parte externa, na plataforma AR-15, extremamente popular entre militares e até mesmo civis americanos.
Numa declaração ao O Dia, edição de ontem, o perito em armas e diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (ABSEG), Vinícius Cavalcante, “esse modelo (o da foto) é uma versão militarizada da HK416 de calibre 5,56 feita por solicitação da própria Marinha (americana) em 2018″.
Para Vinícius, a prática de usar peças sobressalentes de outras armas para montar um terceiro modelo de mesmo calibre é comum entre os traficantes de armas. “A utilização de peças de armas diferentes facilita o processo para eles, além de dificultar a identificação da procedência do armamento em uma possível apreensão feita pelas autoridades. Ou seja, é praticamente impossível saber de onde veio ou como chegou até aqui”, explica.
Numa recente declaração, o delegado do Rio de Janeiro Alexandre Mota de Souza, afirmou que os fuzis que estão com a inscrição HK são fakes. São montagens, são feitos em outro país e recebem aquele crivo ali. Todos (os fuzis apreendidos) são plataforma M16. O Colt M16 é um design que já teve a patente quebrada. Mas são todos da plataforma M16 sim, tanto os que tem a inscrição HK quanto os Colts do Canadá”, explicou o delegado.
Foto do Marines Time