Muita gente não entendeu. Bolsonaro não é simplesmente um presidente. Ele é o anseio, a tábua de salvação e a esperança de milhões de pessoas que estavam fartas do mesmo de mais de 20 anos. Ele é uma ideia: a de que o povo brasileiro — isso mesmo, o povo brasileiro — seria e foi capaz de lutar junto para retirar da presidência uma quadrilha.
Não foi só um candidato. Sua imagem solitária e melancólica ao falar na Câmara dos Deputados, ao percorrer cidades, ao protestar contra a doença do esquerdismo nos serviu de espelho, e então nos vimos todos nela. Estávamos sozinhos e desgarrados. Bolsonaro foi e continua sendo a ideia de que pessoas comuns podem virar o jogo se estiverem juntas, de que todo poder emana do povo: classe média, negro não militante, mulheres não feministas, índios que esperam por cidadania, gays que não levantam bandeira, estudantes que não querem doutrinação ideológica, evangélicos, católicos, camelôs, pequenos empresários.
Existem brasileiros que levam a bandeira do Brasil para as ruas e rejeitam o vermelho de governos anteriores. Pessoas que são contra o aborto, não importa a religião. Existem. Não tinham voz, mas se viram no candidato de oito segundos na TV, sem jatinho, sem dinheiro. Bolsonaro é a ideia de que ministros devem ser competentes, não aliados partidários, pouco importa o que isso custe em governabilidade.
A ideia de que estatais não são bancas de negócios espúrios. A ideia Bolsonaro, que tomou de assalto os esquemas, os negócios, os institutos, as ONGs, os sindicatos, os partidos com seus doleiros, os políticos com seus marqueteiros.
Há um Brasil antes e outro depois de Bolsonaro. Há Damares, Weintraubs, Marcos Pontes, Guedes, Moro, Tarcísio, Salles, Ernesto, Tereza Cristina, Augusto Heleno fazendo história. Vão brigar até o fim para que o dinheiro público sirva a quem de direito.
E nós, o povo, falamos deles como se fossem nossos vizinhos, nossos amigos, pessoas de casa. Seres humanos comuns que trabalham pelo povo liderados por um homem comum que foi votado por 57.797.847 brasileiros comuns e hoje representa mais de 208 milhões de pessoas.