Perto de completar um ano no comando da nação, o presidente Jair Bolsonaro acumula conflitos em diversas frentes. Na segunda-feira, 28 de outubro, uma publicação sua em uma rede social agudizou ainda mais o ambiente de confronto.

No vídeo publicado pelo presidente (e retirado do ar em seguida), um leão é acossado por hienas. A mensagem foi clara – ele, o “detentor da verdade”, se considera atacado de todos os lados. As reações foram imediatas, e ruins para o governo.

No Supremo Tribunal Federal, por exemplo, as críticas foram pesadas. O ministro Celso de Mello, o mais antigo da Corte, afirmou que o “atrevimento presidencial parece não encontrar limites”. Outros ministros ecoaram o decano.

Mesmo no PSL, partido ao qual Bolsonaro ainda pertence (frise-se aqui o ainda), a publicação não foi bem recebida. A ex-líder do governo no Congresso Nacional, Joice Hasselmann (PSL-SP), não perdoou. “A burrice é ilimitada”, afirmou.

Entre os alvos do presidente estão velhos desafetos, como os partidos de esquerda, a OAB, a CNBB, o próprio PSL e órgãos da chamada grande imprensa. Uma verdadeira metralhadora giratória, atirando a esmo.

São muitas as leituras a se fazer do episódio. Mera infantilidade do presidente, tática diversionista ou simples desapreço pela democracia. Essa última, por sinal, faz mais sentido. Bolsonaro e seu clã sempre deixaram claro que não respeitam os valores democráticos, a não ser quando estes lhes interessam.

Em meio a uma agenda legislativa complexa e assistindo a manifestações populares em diversos países vizinhos, tudo o que o governo Bolsonaro não precisa é de novos conflitos internos. Sem uma base política minimamente sólida e se escorando nas redes sociais, o presidente flerta com o caos. Todos, sem exceção, têm a perder com isso.