Em meio à escalada de problemas em diferentes frentes, com atritos junto ao mundo político e à sociedade civil em geral, o presidente Jair Bolsonaro decidiu contra-atacar. Em entrevista concedida à TV Record na noite de domingo, 3 de novembro, ele subiu o tom contra alguns adversários.
Foram três os alvos principais da fala do titular do Planalto. Seu partido, o PSL, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e a Rede Globo.
Com relação ao PSL, ele reforçou os ataques contra o comando do partido, falou a respeito das candidaturas laranjas e chegou a afirmar que são de 80% as chances de que ele deixe a legenda. Indo além, ele considera serem de 90% as possibilidades de criar uma nova agremiação, para ter cerca de 200 candidaturas nas eleições municipais do próximo ano. Essa foi a mais contundente declaração do presidente sobre o assunto até o momento. Suas palavras certamente repercutirão entre os integrantes do PSL.
Sobre Witzel, Bolsonaro insinuou que as informações vazadas sobre o caso Marielle para a Rede Globo teriam partido do governador, piorando ainda mais as relações entre os dois.
Por fim, a respeito da Rede Globo, ele criticou o modo como o Jornal Nacional trata seu governo. O presidente chegou a solicitar espaço no veículo, o noticiário de maior audiência no país, para rebater as acusações. Resta saber se e como a emissora do Rio de Janeiro irá se pronunciar.
Ao conceder entrevista exclusiva a uma emissora que lhe é simpática, Bolsonaro joga mais gasolina em uma fogueira que insiste em se manter ativa. No limite, ele colabora para alinhar grupos que, em tese, teriam poucos interesses em comum. Em um momento que aliados seus perdem espaço na cena mundial, como Netanyahu em Israel e Macri na Argentina, a estratégia do brasileiro pode ser contraproducente.