Cinco cocaleiros leais ao ex-presidente boliviano Evo Morales morreram ontem (15) em violentos confrontos com a Polícia e militares nos arredores de Cochabamba (centro do país), comprovou a AFP em um hospital da cidade. As autoridades não mencionaram nenhum morto nestes distúrbios, mas uma centena de detidos. Meios de comunicação noticiaram, por sua vez, pelo menos oito feridos.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou em um comunicado o “uso desproporcional da força policial e militar”, enquanto confirmou os cinco mortos e destacou que havia um número indeterminado de feridos.
Milhares de cocaleiros provocaram durante quase todo o dia as forças policiais que impediam sua passagem pela ponte Huayllani, quando tentavam chegar à cidade de Cochabamba, a 18 km de distância, para se opor ao governo interino da presidenta interina Jeanine Áñez, sucessora de Morales, que está asilado no México. A CIDH informou ainda que “as armas de fogo devem estar excluídas dos dispositivos utilizados pelo controle dos protestos sociais”.
Os manifestantes “portavam armas, portavam escopetas, coquetéis molotov, bazucas caseiras e artefatos explosivos”, razão pela qual foram detidas mais de cem pessoas, segundo o comandante da Polícia de Cochabamba, coronel Jaime Zurita.
“Estão usando dinamite e armamento letal como (fuzis) Mauser 765. Nem as forças armadas, nem a polícia têm esse calibre, por isso estou alarmado”, acrescentou Zurita. A tropa de choque da Polícia, apoiada por militares e um helicóptero, dispersou os manifestantes de noite.