Ainda com a Covid-19 avançando no Brasil e sem perspectivas de uma vacina em 2020, será importante acompanhar os resultados da flexibilização do isolamento social iniciada na Europa desde o final de abril e que deve ser ampliado nas próximas semanas, caso não haja uma nova onda de contaminação. Importante ressaltar que a situação nos estados e municípios brasileiros ainda é de preocupação, uma vez que as projeções são de aumento no número de novos casos do coronavírus em maio e junho.
Conforme reportagem da Folha de São Paulo desta segunda-feira (11), a Europa inicia a reabertura das atividades econômicas com queda de 70% nas mortes, um cenário bem diferente do Brasil, onde o número de vítimas está aumentando e deve se manter em alta. De acordo com a reportagem, a flexibilização está em diferentes estágios na Europa, uma vez que cada país está num momento diferente de combate à pandemia, com medidas de restrição maiores nos países e cidades mais afetadas.
Dos 33 entre os 36 grandes países europeus que decretaram quarentena, 23 já adotaram medidas de flexibilização e outros dez iniciarão esse processo ao longo desta semana. Em todos os casos, os governos pretendem fazer avanços graduais, para evitar uma segunda onda de infecção, ainda segundo a reportagem. No mundo, mais de 4 milhões de pessoas já foram contaminadas pelo novo coronavírus.
A Alemanha, que adotou um isolamento social maior entre o fim de março e começo de abril, implementou diversas medidas de prevenção, tanto no comércio como na indústria, para tentar enviar uma nova onda de contaminação pelo coronavírus. No Reino Unido, a orientação do governo é manter o isolamento para quem pode trabalhar de casa, liberando as demais pessoas, principalmente os empregados da indústria e da construção civil, para retomar duas atividades, mas evitando usar o transporte público e com estímulo ao uso de ciclovias.
O governo britânico adotou uma saída em fases. A próxima, prevista para junho, será a reabertura de lojas e a retomada das aulas no ensino primário. Depois virá a reabertura dos cafés, bares, restaurantes e hotéis, prevista para julho, Mas a implementação dessas novas fases dependerá do monitoramento feito pelo governo sobre a evolução da Covid-19, com base num sistema de alerta em cinco níveis. Esse sistema vai avaliar a taxa de infecção, que indica para quantas pessoas em média cada doente transmite o coronavírus. Se esse índice aumentar, a reabertura pode ser revista.
Nesta segunda-feira, a Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 26 mil mortos, entra na fase 1 do período de relaxamento da quarentena, que permitirá reuniões com grupos de até 10 pessoas, a permanência em terraços com presença limitada ou a visita a lojas sem a necessidade de agendamento. Essa fase de incluir metade dos 47 milhões de habitantes. Na França, o isolamento começará a ser relaxado também por regiões, denominadas “verdes” ou “vermelhas”.
Num momento em que alguns Estados ampliam as medidas de isolamento, como São Paulo, Maranhão e Ceará, e aumentam as pressões do presidente Jair Bolsonaro contra as restrições adotadas por governadores e prefeitos, o acompanhamento do que está sendo feito na Europa pode ajudar a indicar os próximos passos no Brasil, quando o número de novos casos estiver em queda após algumas semanas. Mas sempre seguindo as recomendações técnicas da área de saúde. O que importa é preservar vidas. A recuperação da economia é um passo posterior.