Texto de Marcelo Rech
O presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2019 e poucos meses depois, já eram veiculadas notícias dando conta que o Brasil estaria sendo isolado internacionalmente. A crise gerada pelas queimadas na Amazônia, deu forma à narrativa. O governo agiu muito mal e a comunicação não funcionou, agravando a percepção de que o país ardia em chamas.
A partir daí, as análises, artigos e reportagens, sobre a suposta perda de peso político internacional, ganharam corpo e foram abraçadas pelos adversários ideológicos do presidente. Passou-se a vender a ideia de que o Brasil se tornara um pária. Nada mais irreal.
Não é verdade que o Brasil esteja isolado internacionalmente. É fato que o país é alvo de uma campanha global patrocinada por partidos políticos e organizações não-governamentais de viés ideológico, descontentes com os rumos adotados por um governo conservador e de direita. Ocorre que o princípio mais básico ensinado nos cursos de Relações Internacionais é o que rege as relações entre as nações: “países não têm amigos, têm interesses”.
O Brasil, com uma população de mais de 205 milhões de habitantes e que responde por 47% da economia latino-americana, também detém algumas das reservas de recursos naturais mais abundantes do planeta. Além disso, é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Basta olhar para o mapa para ver que se trata de uma potência que não pode ser ignorada.
Carrega-se nas tintas para tentar convencer a sociedade brasileira de que estamos sendo abandonados por conta de uma agenda de valores que não se encaixa aos preceitos progressistas, com supostas violações de direitos humanos ou diminuição do espaço democrático. Entretanto, não é isso que a comunidade internacional enxerga.
Vejamos um exemplo objetivo: em plena pandemia, as exportações brasileiras do setor agropecuário, por exemplo, bateram novo recorde no primeiro quadrimestre de 2020. A receita total de US$ 31,4 bilhões foi 5,9% superior à do mesmo período de 2019. De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o aumento na quantidade embarcada foi de 11% e a expectativa é que o PIB do setor aumente 2,9% neste ano.
Outro detalhe significativo, principalmente quando se explora muito o alinhamento do Brasil com Israel: o Brasil já é o maior exportador de proteína animal com selo Halal, atendendo a mais de 50% desse mercado. A estimativa é que esse segmento passe a movimentar US$ 2 trilhões por ano a partir de 2022, pois quase 2 bilhões de pessoas seguem o Islã – 25% da população mundial.
Ainda com relação ao agro, apenas entre 2019 e junho deste ano, o Brasil abriu mais de 60 mercados para os seus produtos e as embaixadas brasileiras no exterior estão sendo reforçadas com adidos agrícolas, medida que permitirá fortalecer ainda mais a presença do agronegócio internacionalmente. Isso também é possível graças à percepção da diplomacia estrangeira sobre o país.
Nos primeiros meses do atual governo, o movimento de embaixadores estrangeiros prospectando negócios junto as federações de indústria e buscando parcerias com empresas brasileiras, foi dos mais altos dos últimos anos. O Brasil é e continuará sendo um país central e tem credencial para reorientar a sua política externa voltada ao interesse nacional.