Texto de Antonio Rodrigues
A família Bolsonaro e o seu entorno estão cada vez mais pressionados para arranjarem soluções que evitem que o presidente do Brasil seja destituído num processo de impeachment, que o senador Flávio Bolsonaro evite um julgamento por corrupção, que o advogado da família, Frederick Wassef, acabe sacrificado como bode expiatório e que Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e amigo há mais de 35 anos de Jair Bolsonaro, não se lembre de entrar em acordo com a Justiça para evitar a prisão em troca de delatar os Bolsonaro.
Wassef já começou a perceber que no Palácio do Planalto, sede presidencial, se preparam para montar um cerco sanitário para proteger o presidente e deixar o advogado arcar com as culpas por ter escondido Queiroz – peça-chave no esquema de desvio de dinheiro público do gabinete de Flávio Bolsonaro quando era deputado estadual, de acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
O “Anjo”, alcunha que a família dava ao advogado da família, disse este sábado à Folha de São Paulo que o fato de Queiroz ter sido detido na sua casa em Atibaia, no interior do estado de São Paulo, é uma “armação para incriminar o presidente”.
“Nunca telefonei para Queiroz, nunca troquei mensagem com Queiroz, nem com ninguém da sua família”, garantiu Wassef. Isto, apesar de o Ministério Público ter trocas de mensagem entre o advogado e o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, e os caseiros da sua quinta terem dito à polícia que Queiroz estava a viver no anexo da quinta há um ano.
De acordo com o site G1 da Globo, nos bastidores do Governo a ordem agora é tentar blindar o presidente Jair Bolsonaro, acusando Wassef, e apenas Wassef, de esconder Queiroz e abdicando dele como advogado da família.
Ao mesmo tempo que tentam evitar que o chefe de Estado saia chamuscado desta situação, os assessores do executivo, segundo o G1, consideram que a situação de Flávio Bolsonaro, por outro lado, parece mais complicada para superar. A ideia de que o agora senador será mesmo acusado de corrupção parece cada vez mais inevitável.
De acordo com o colunista de O Globo Lauro Jardim, o filho mais velho do Presidente foi intimado pelo Ministério Público Federal a prestar depoimento no âmbito da investigação ao vazamento na Polícia Federal, depois de o empresário Paulo Marinho, apoiante da campanha de Jair Bolsonaro, ter denunciado que Flávio Bolsonaro tinha sido avisado pela Polícia Federal de que estava a ser investigado por desviar parte do salário dos seus funcionários em seu proveito.
(Antonio Rodrigues trabalha no Público)