Dados divulgados nesta mostram que os próximos meses e anos serão difíceis do ponto de vista econômico. O Brasil entrou oficialmente em recessão no primeiro trimestre de 2020, segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desde março, quando foram adotadas medidas de restrição devido à pandemia da Covid-19, foram fechadas 1,4 milhão de vagas de emprego formais. A pandemia levou o governo federal a ter um rombo de R$ 126,6 bilhões nas contas públicas em maio.
Embora o governo e alguns especialistas falem em recuperação neste semestre, ainda há muita incerteza. Com os casos de Covid-19 ainda em alta no Brasil, o processo de reabertura da economia, iniciado em algumas cidades e estados, vem sendo suspenso ou mesmo retrocedendo, com o retorno de medidas de restrição que haviam sido canceladas. A decisão do governo, pressionado pelo Legislativo, de prorrogar o auxílio emergencial aumentará ainda mais o déficit público em 2020.
Mesmo com o governo falando que não haverá aumento de tributos, essa medida poderá ser inevitável para ajustar as finanças públicas. Em maio, a dívida bruta do setor público (União, Estados e municípios) superou em maio pela primeira vez em toda a série histórica do Banco Central (BC) a marca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês passado, o indicador cresceu 2,1 pontos percentuais e atingiu 81,9% do PIB, o maior patamar da série histórica. Em reais, a dívida bruta ficou em R$ 5,9 trilhões.
Por outro lado, o setor privado nacional, ainda em busca de financiamentos para superar o impacto da pandemia, está sem fôlego para grandes investimentos. Levantamento realizado pelo Instituto de Estudos e Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base no balanço das empresas, mostra que das 226 companhias não-financeiras com ações negociadas na bolsa de valores, a relação entre capital próprio e endividamento encerrou o ano passado em 76,8%. Além disso, a capacidade ociosa da indústria está elevada.
Superados os maiores impactos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, sempre tendo a preservação de vidas como foco, a retomada das atividades econômicas vai exigir um maios diálogo e cooperação não só entre o governo federal e os Estados, mas também com o Legislativo e com o setor privado. Mas será fundamental contar com a participação da população, uma vez que o distanciamento e medidas preventivas, como o uso de máscaras de proteção, deverão ser mantidas por prazo ainda indeterminado.