Preço do arroz mostra diferença entre inflação real e oficial

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Texto de Reinaldo Domingos

O grande inimigo da cesta básica do brasileiro, quem diria, se tornou o arroz. Levantamentos apontam que o pacote de cinco quilos desse produto chega a custar mais de R﹩40,00 em alguns mercados. Em contraposição, o Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA) subiu 2,44% em 12 meses, enquanto a inflação dos alimentos subiu 8,83% no período.

Quando se observa os índices oficiais de inflação, se tem uma visão positiva, se tem a percepção de que não ocorreu grande aumentos no preço na inflação oficial. Mas na inflação real o preço do arroz mostra a realidade, esse produto aumentou 19,2% no ano. Outro produto que preocupa e que é parte diária da cozinha dos brasileiros é o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.

Por isso que sempre afirmo que o campeão dos vilões do dinheiro é a inflação real. Ela causa a perda do poder aquisitivo do dinheiro. Mesmo os poupadores perdem dinheiro com o vilão da inflação verdadeira. Nenhuma aplicação consegue repor a perda do valor do dinheiro.

Contudo, a inflação real sempre existirá e será diferente da oficial. O que precisamos fazer é ficar atentos com o dinheiro que se ganha e, principalmente, como se gasta. Digo isso por ter claro que o impacto da alta dos preços para população é muito maior do que os números oficiais apontam. E para que uma família tenha essa certeza disso é muito simples, basta fazer uma comparação de seus gastos cotidianos de três anos para cá.

Quanto era possível comprar antes com uma simples nota de R﹩100,00 e quanto é possível comprar agora? A resposta o próprio Governo Federal deu, com o lançamento de uma nova nota de R﹩200,00. Em uma análise simples se observa que foram muitos os produtos de consumo básico que subiram muito acima da inflação e não só o arroz e o óleo.

Por isso, antes de tomar qualquer decisão com base no índice oficial de inflação é preciso uma análise aprofundada dos gastos. Isso pode ser realizado por meio de um apontamento de despesas ou uma planilha, no qual se anota todos os gastos diários por itens. Recomendo como ideal fazer isso apenas um mês durante o ano se tiver renda fixa e até três vezes se for variável.

Esse cuidado é importante para que perceba aonde vão todos os valores e também o que está apresentando um efetivo aumento no decorrer dos anos. Por fim, haverá o benefício de eliminar gastos desnecessários que minimizam a capacidade de poupar e realizar sonhos.

Ao perceber o real impacto da inflação em sua vida, o consumidor poderá também observar que o aumento de seu salário não arcará com o aumento do custo de vida, não responderem mesmo as perdas inflacionárias oficiais, sendo necessário repensar o consumo.

Já em relação ao aumento do arroz e do óleo, a única orientação possível é realizar uma melhor pesquisa de preço e que repense seu cardápio diário constantemente, pensando em produtos que possam se adequar a uma refeição saudável e mais barata. Acredite, é possível, mas demanda um pouco de tempo, pesquisa e criatividade.

(Reinaldo Domingos é presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, Abefin)

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