Ofegante, a alemã Valerie Giesen senta no banco. A jovem de 29 anos acaba de conseguir percorrer a rua inteira. “Foi provavelmente o maior esforço de hoje”, diz. Seu coração bate mais rápido, é possível ouvi-la respirar.
Há oito meses, percorrer estas algumas centenas de metros não seria um problema. Na época, ela saía para dançar duas ou três vezes por semana e, ocasionalmente, ia escalar ou nadar. Giesen é uma das muitas pacientes que os médicos dizem estar oficialmente recuperada da covid-19, mas ainda não saudável.
Estudos iniciais na Itália e na Irlanda mostraram que cerca de metade ou mais dos pacientes com Covid-19 continuam a lidar com exaustão e falta de ar por várias semanas ou meses após sua recuperação. Mas ainda é muito cedo para conhecer os efeitos a longo prazo de uma infecção por coronavírus. A Organização Mundial da Saúde diz que os sintomas da Covid-19 podem durar meses ou retornar muito mais tarde – mesmo que a infecção tenha sido relativamente branda no início. Isso vale, segundo a entidade, inclusive para pessoas mais jovens, como Giesen, que agora precisa fazer várias sestas por dia.
Milhares de membros compartilham histórias sobre os efeitos a longo prazo de suas infecções por covid-19 através da plataforma de mensagens Slack. Os integrantes do grupo de apoio inclusive iniciaram um relatório de pesquisa sobre os efeitos da doença. Giesen lê as conversas diariamente: “É um ritual noturno reconfortante: me sinto menos sozinha”.