Novo auxílio emergencial pode ser visto como derrota de Bolsonaro

Desemprego fila
A geração de novos empregos é um indicador para a ecoonomia/Arquivo/CTB
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Texto de Vivaldo de Sousa

Necessário diante do atraso na vacinação e das perspectivas de retração econômica no primeiro trimestre deste ano, o retorno do auxílio emergencial pode ser a primeira derrota no Legislativo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após a eleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), considerados aliados, para as presidências da Câmara dos Deputados e Senado Federal, respectivamente.

Embora tenha deixada aberta a possibilidade de prorrogar o benefício no caso de uma segunda onda de contaminação Covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, era contra a medida. Diante das pressões políticas para manter o auxílio, ainda que com outro nome e com um valor menor que os R$ 300,00 médios pagos no ano passado, o governo buscar agora negociar algumas concessões diante da provável prorrogação.

Mas sem ampliar o espaço dos partidos do Centrão na Esplanada dos Ministérios, além de atender indicações para estatais e órgãos regionais, será muito o difícil avançar na agenda econômica, seja aquela liberal apresentada por Guedes depois da vitória de Bolsonaro nas urnas ou em outra mais focada na recuperação da economia _em qualquer cenário será preciso ampliar a vacinação contra a Covid-19.

Pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta segunda-feira (08) mostrou a quarta queda consecutiva na taxa de aprovação ao governo Bolsonaro. O movimento vem ocorrendo desde setembro. Segundo os dados, Bolsonaro é avaliado como “ruim ou péssimo” por 42% dos entrevistados, ante 40% em janeiro. 30% veem hoje o governo como “bom ou ótimo”. No mês passado, eram 32%. Conforme a pesquisa, vem piorando especialmente entre as pessoas com renda de até dois salários mínimos.

Em relação ao auxílio emergencial, que teve o pagamento interrompido em dezembro, quando o país começava a viver a segunda onda da pandemia, 53% avaliam que o governo federal deveria criar um novo benefício semelhante, a ser pago nos próximos meses, e 17%, que deveria ampliar o Bolsa Família. Quase a metade da população (49%), porém, acha que o governo não fará nem uma coisa nem outra. Sem renda e sem emprego, a popularidade de Bolsonaro deve continuar em queda.

Se a vacinação avançar mais rapidamente, o que ainda é uma incógnita, a recuperação da economia deve ser mais forte apenas no segundo semestre. Talvez isso explique a mudança no tom de Bolsonaro, que reduziu as críticas à imunização contra o novo coronavírus e busca associar a vacinação como uma iniciativa do Ministério da Saúde. Resta saber se a população brasileira vai comprar essa nova narrativa, que vai na linha oposta ao negacionismo adotado até recentemente.

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