Está preso desde ontem à noite o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) por conta de ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Num vídeo que postou nas redes sociais, o parlamentar bolsonarista xingou usando às vezes palavrões e fazendo acusações de toda natureza, inclusive que alguns magistrados recebem dinheiro de maneira ilegal pelas decisões que tomam.
Daniel protagonizou uma série de confusões e agressões. Antes de ser eleito, quebrou uma placa que homenageava Marielle Franco, vereadora morta a tiros no Rio de Janeiro. Ele estava acompanhado do deputado estadual fluminense Rodrigo Amorim (PSL-RJ).
A prisão deverá ser decidida pelo plenário da Câmara dos Deputados, segundo o presidente Arthur Lira (PP-AL): “Como sempre disse e acredito, a Câmara não deve refletir a vontade ou a posição de um indivíduo, mas do coletivo de seus colegiados, de suas instâncias e de sua vontade soberana, o Plenário. Nesta hora de grande apreensão, quero tranquilizar a todos e reiterar que irei conduzir o atual episódio com serenidade e consciência de minhas responsabilidades para com a Instituição e a Democracia“.
O ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, chamado de Xandão, determinou que o YouTube retire a gravação do ar, o que deve ocorrer nesta 4ª feira (17), quando o Google, dono da plataforma, for formalmente notificado, registra o Poder360.
Segundo o ministro do STF, Daniel Silveira “é reiterante na prática criminosa” por ser investigado em inquérito que apura o financiamento de grupos que defendem pautas antidemocráticas. Moraes diz ainda que os atos pelos quais o congressista é investigado envolvem criar “animosidades entre as Forças Armadas e as instituições” e incitar a “população à subversão da ordem pública”.
“[As manifestações] revelam-se gravíssimas, pois, não só atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal como se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura, notadamente a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado democrático de Direito”, afirma Moraes.
O que o deputado disse: “O que acontece, Fachin, é que todo mundo está cansado dessa sua cara de filha da puta, de vagabundo. Várias vezes já te imaginei levando uma surra, você e todos os integrantes dessa Corte”.
Quem é o parlamentar – O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) se descreve em seu perfil no Twitter como “policial militar, conservador, bacharelando em Direito, deputado federal, totalmente parcial e ideológico”, segundo registro da CNN.
Hoje com 38 anos, Silveira tomou posse na Câmara em 2019, em seu primeiro mandato, dividindo a legislatura com curso de direito na Universidade Estácio de Sá. Além de policial militar, o deputado também é professor de muay thay. Foi eleito nas eleições de 2018 como deputado federal pelo Rio com 31.789 votos.
Também na companhia de Amorim, em outubro de 2019, quando os dois já exerciam seus cargos públicos, Silveira entrou sem avisar no tradicional colégio federal Pedro II para uma “vistoria” no que chamou de “Cruzada pela Educação“, alegando que denunciaria materiais com conotação política em ambiente escolar. Na época, a reitoria da unidade chamou a Polícia Federal, pois os deputados não tinham autorização para entrar no local.
Em dezembro de 2019, Daniel Silveira se envolveu em uma discussão com uma mulher na Universidade Estácio de Sá, em Petrópolis, onde estuda Direito. Na ocasião, foi divulgado vídeo no qual os dois trocam cusparadas. O político pergunta se a mulher pertence ao Psol e se refere à legenda como “partido de maconheiros, vagabundo e narcoterrorista”.
A CNN recorda que em maio de 2020, Silveira disse “estar torcendo” para que manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fossem alvejados por policiais. Na ocasião, o deputado gravou vídeo enquanto se dirigia para um ato no Rio de Janeiro com apoiadores do governo federal.
“Vocês vão pegar um ‘polícia’ zangado no meio da multidão, vão tomar um no meio da caixa do peito, e vão chamar a gente de truculento”, disse Silveira na gravação. “Eu estou torcendo para isso. Quem sabe não seja eu o sortudo.”