A aprovação do Orçamento de 2021 se tornou um problema sério para o governo de Jair Bolsonaro. Analistas ouvidos pela Sputnik Brasil entendem que o presidente brasileiro deve resolver o impasse o quanto antes, ou poderá sofrer um impeachment nos próximos meses. A situação do governo e seus aliados está muito parecida com aquele ensinamento popular onde as opções são muito reduzidas, ou seja, se correr, o bicho pega, se parar o bicho come.
Não bastassem os desafios da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro precisará redirecionar esforços para se concentrar nos próximos dias com os diversos problemas e impasses que envolvem a aprovação do Orçamento de 2021. Auxiliares de Bolsonaro comentam abertamente que ele pode ter as contas deste ano reprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Analistas entrevistados pela Sputnik Brasil avaliaram que os desafios são grandes, pois além de falhas no texto, surgem acusações a respeito dos possíveis “culpados” pelos “erros” do documento. Em síntese, o Senado e a Câmara precisam fazer um corte de R$ 31 bilhões nas emendas parlamentares que o relator Márcio Bittar incluiu na lei. Eles aceitam negociar R$ 15 bilhões. Esse impasse se tornou um problema para as contas do governo.
Se o texto for sancionado por Jair Bolsonaro da forma como saiu do Congresso, ele desconsidera despesas que são obrigatórias. Na prática, se executado, ele fará o governo descumprir regras fiscais, como o teto de gastos. O Orçamento 2021 subestimou despesas e cortou gastos obrigatórios, deixando um rombo orçamentário de cerca de R$ 40 bilhões.
Gil Castello Branco, economista e secretário-executivo da ONG Contas Abertas, disse à Sputnik Brasil que jamais viu uma aprovação de contas tão conturbada. “O Orçamento será aprovado e publicado em abril, o que significa um dos quatro anos mais atrasados dentro dos últimos 20”, explicou.
Ele elencou problemas, e explicou que “há também previsões com relação a inflação, e as do governo podem se revelar erradas”. Diante desses fatos, o economista avalia que o “Orçamento 2021 foi aprovado em bases absolutamente irreais. É um orçamento inexequível. Além desses parâmetros, o Congresso entendeu que poderia tirar recursos de despesas obrigatórias e transferir para emendas parlamentares”, comentou.
O cientista político Guilherme Carvalhido, professor da Universidade Veiga de Almeida, partilhou dos entendimentos do economista, e acrescentou: “A grande questão são os acordos”.