Celular e as relações pessoais, mas o vício cria problemas

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Ninguém dispensa o uso do celular, mesmo quando nós estamos em grupo/Arquivo/Reprodução/DW
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Você não verá Thseen Nazir checando seu telefone durante suas aulas na Universidade Ibn Haldun, em Istambul, na Turquia. Professor assistente do Departamento de Aconselhamento e Orientação Psicológica, ele pesquisa o impacto da tecnologia nas interações sociais, incluindo o efeito do “phubbing” – uma combinação das palavras phone (telefone) e snubbing (esnobar).

Se você está conversando com alguém e a pessoa continua checando seu telefone ou respondendo mensagens, você está sendo “phubbed”. O que pode parecer uma atividade inofensiva pode ter um impacto real nos relacionamentos. “Isso está nos roubando bons momentos”, diz Nazir. “E nós nem percebemos.”

Em alguns aspectos, os celulares ajudam a iniciar e manter relacionamentos: eles ajudam a encontrar companhia, permitem que as pessoas olhem nos olhos de familiares e amigos que estão longe e conectam apaixonados à distância. Mas o uso e até mesmo a presença de um celular durante as interações pessoais pode diminuir a qualidade desses momentos.

“Os celulares permitem que nos conectemos com nossos entes queridos facilmente por meio de mensagens de texto e ligações, mas às vezes podem ser um problema quando interferem em nossas conversas cara a cara”, afirma Genavee Brown, professora de Psicologia da Universidade Northumbria, no Reino Unido.

Bons momentos prejudicados – O grau de problema pode depender da idade das pessoas envolvidas na interação. Em 2020, Nazir conduziu uma pesquisa com professores mais velhos e mais jovens em sua universidade e perguntou como eles se sentiam quando estudantes usavam seus telefones durante as aulas. “A percepção que eles tinham sobre esse comportamento era totalmente diferente”, frisou.

Ele descobriu que a maioria dos professores mais velhos via o uso de celulares como desrespeitoso; já os mais jovens começavam a se autoavaliar e se perguntar se suas habilidades de ensino eram a razão pela qual os estudantes não estavam interessados em suas aulas.

Mas não é apenas a pessoa que está sendo “phubbed” que vivencia os efeitos negativos do uso do telefone. A pesquisa de Brown, publicada na revista Emerging Adulthood em 2016, mostrou que quanto mais tempo pares de amigos usavam seus telefones, menor era a qualidade de suas interações. O estudo descobriu que todos os participantes tiveram interações piores quando usaram seus telefones, independentemente de quão próximos eram como amigos.

Outro estudo com 300 pessoas, publicado no Journal of Experimental Psychology em 2017, descobriu que aqueles que colocavam seu telefone sobre a mesa durante um jantar com a família ou amigos se sentiam mais distraídos, o que os fazia aproveitar menos o tempo com os outros.

O motivo importa – Mas para muitas pessoas, especialmente as gerações mais jovens, ter o telefone sempre à vista é a norma. “Na conversa informal, é padrão que todos tenham o telefone na mão”, contou a alemã Milena, de 17 anos, à DW. “Como os jovens normalizaram isso, eu não acho rude, mas também não acho agradável. Pessoalmente, não gosto quando outra pessoa está falando, e os outros estão checando seus celulares no meio [da conversa]”.

Sua amiga Pauline, também de 17 anos, disse que o motivo pelo qual alguém está checando o telefone faz a diferença. “Não é agradável, mas eu pessoalmente não acho tão ruim”, afirmou Pauline. “Depende da razão e se é algo importante para a pessoa.”

Soluções para quebrar o hábito – Existem algumas soluções criativas para as pessoas que querem usar menos o telefone durante as interações pessoais. Algumas pessoas usam bloqueadores de aplicativos ou de internet, enquanto outras trancam seus telefones em um contêiner com um temporizador. Uma empresa até projetou uma fita que pode ser colocada em torno do smartphone com o lembrete “olhe para cima”.

Mas Brown disse que sua recomendação sobre boas maneiras em relação ao uso do telefone seria a comunicação: ela sugere refletir sobre o porquê de preferir usar o telefone a passar tempo com amigos ou o parceiro.

Se é seu amigo ou parceiro que costuma usar o telefone, a sugestão é conversar sobre o assunto e perguntar por que fazem isso. “Você poderia então compartilhar como se sente quando ele usa o telefone e tentar trabalhar em conjunto para uma solução”, conclui Brown. (Da agência DW)

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