Seleção de estágio vira caso de racismo praticado por advogados do DF

Negros manifesto Misto Brasília
O racismo no Brasil é um crime inafiançável e imprescritível/Arquivo/SocialismoCriativo
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Logo mais à tarde, a Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial recebe uma denúncia que há 12 dias mobiliza grupos de advogados do Distrito Federal no WhatsApp. Tudo começou com a postagem para seleção de estágio exclusiva para estudantes de Direito da raça negra.

A ideia de valorizar a consciência sobre a discriminação racial caiu no limbo de uma discussão na rede social que pode tipificar crime de racismo – inafiançável e imprescritível. O que torna a polêmica ainda mais complexa, é que o suposto racismo está sendo praticado por advogados.

A partir da publicação da seleção feita pelo advogado Max Telesca, comentários e “memes” racistas não param de circular nos grupos. A oportunidade de emprego foi divulgada em pelo menos 40 grupos de advogados, mas foi em três que a repercussão foi negativa.

A iniciativa pela denúncia na polícia partiu, inicialmente, do subsecretário de Direitos Humanas e de Igualdade Racial do governo distrital, Diego Moreno de Assis e Santos.

O material que foi “printado” será entregue nesta segunda-feira na delegacia e deve servir como prova material contra os agressores. Max Telesca não chegou a contar as ofensas, mas calcula que sejam mais de 50. A maioria dos comentários são favoráveis.

A prática de selecionar exclusivamente negros para vagas é uma prática já comum nas grandes corporações. E esta prática tem sido apontada como “racismo reverso”, ou seja, contra os brancos.

O processo seletivo da banca de advogado não parou, apesar das críticas. Ela entra nesta quarta-feira (12) na segunda fase. Para as provas escritas foram selecionados seis candidatos de um grupo inicial de 40. A terceira fase será realizada na quarta-feira da próxima semana. Envolve a entrevista com a contratação em seguida. Há apenas uma vaga disponível.

A prática de racismo por advogados no Distrito Federal não é novidade, mas o ineditismo ocorre porque é contra a própria categoria. A Ordem dos Advogados já atuou em outras ocasiões, como no caso de um professor de espanhol do Centro de Ensino Médio 804 Murilo Vargas. O professor foi acusado de racismo por publicações polêmicas nas redes sociais.

No caso da seleção do estágio, a OAB-DF também promete agir. O assunto está na Comissão dos Direitos Humanos e na comissão de igualdade racial.

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