O ex-ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, começou seu depoimento na CPI da Covid do Senado com um resumo de sua gestão, destacando a “qualidade das relações” no período com China e Reino Unido. Perguntado pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), se o governo definiu uma política internacional para lidar com as questões da pandemia, o depoente afirmou que as orientações surgiram em diferentes momentos e que o Itamaraty as recebeu do Ministério da Saúde, mas que não tinha conhecimento de um plano único para enfrentamento da pandemia.
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Em relação a vacinas, Renan foi direto ao perguntar o que o Itamaraty fez concretamente para obter mais vacinas para o país. “Desde o começo, ainda em janeiro [de 2020], instruímos vários postos no exterior para que prospectassem pesquisas sobre medicamentos e vacinas. Tivemos tratativas com Índia, China e Reino Unido. E também com os EUA”, declarou Araújo.
O ex-ministro também disse que jamais promoveu “atritos com a China, seja antes, seja durante a pandemia”. “Não era uma política de alinhamento automático com os EUA, nem uma política de enfrentamento com a China”, declarou.
Renan questionou o porquê de Araújo ter sido contrário à adesão ao consórcio Covax Facility. Ex-chanceler negou ser contra e disse que a opção de 10%, ao invés de 50% a que o Brasil teria direito em vacina, foi tomada pelo MS. Negou a existência de grupo de aconselhamento paralelo ao presidente Bolsonaro para assuntos relacionados à pandemia. Negou também a influência direta do professor Olavo de Carvalho.
Renan perguntou se Araújo era contrário à adesão ao consórcio Covax Facility. Ex-chanceler negou ser contra e disse que a opção de 10%, ao invés de 50% a que o Brasil teria direito em vacina, foi tomada pelo MS.
Ernesto Araújo disse que em março de 2020 havia expectativa da eficácia do uso de cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. Ele confirmou autenticidade de mensagem para importação dos medicamentos da Índia.
Após Araújo afirmar que nunca se indispôs com a China, Omar Aziz (PSD-AM) disse que ele estava faltando com a verdade. O presidente da CPI lembrou de artigo de 2020 em que o ex-chanceler deu declarações anti-China. Ernesto Araújo se eximiu de responsabilidade sobre problemas no recebimento de insumos para vacinas por conta de relações diplomáticas com a China. “Jamais foi identificada correlação com atraso e atuação da minha parte”, afirmou.
Araújo disse considerar que a aproximação com os EUA ajudou o Brasil em alguns aspectos no enfrentamento à pandemia em 2020, mas não com vacinas, já que no governo Trump houve a proibição de qualquer exportação de imunizantes.
Araújo diz que sua gestão não foi marcada por alinhamento automático com os EUA ou atritos com a China. A reaproximação com os EUA se deu em contraponto a um “afastamento” que, no seu entender, ocorreu em gestões anteriores.